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Nadyegge Almeida comandou por dez anos o Caderno da Mulher na Gazeta do Povo. | Arquivo da  família/
Nadyegge Almeida comandou por dez anos o Caderno da Mulher na Gazeta do Povo.| Foto: Arquivo da família/

Circular por diferentes ambientes na alta sociedade curitibana era parte da rotina de Nadyegge Almeida, jornalista e poeta morta em novembro, aos 75 anos, vítima de um câncer de pâncreas. Casada por 34 anos com um dos maiores colunistas sociais do Paraná, Dino Almeida, que atuou por 45 anos no jornalismo paranaense, Nadyegge estava acostumada desde cedo com a vida em meio aos lustres e taças de cristal.

O marco dela no jornalismo foi o Caderno da Mulher, página feminina que depois se tornou caderno encartado na Gazeta do Povo, durando dez anos. Além dos assuntos de beleza e das receitas, temas que imperavam quando se falava em conteúdos para mulheres nos anos 1970 e 80, o material trazia matérias de comportamento inovadoras para a época. Mais tarde, se dedicaria a outra paixão que também envolvia as letras: a escrita de poesias. Publicou um livro com elas, o Asilo Provisório.

Sem formação em jornalismo – titulação que pouco existia em sua juventude – Nadyegge se envolveu com a área primeiramente por causa do pai, que era jornalista. Mais tarde, com Dino, formava o casal que falava sobre a vida em Curitiba. Ele com sua coluna que abrangia não só as festas e eventos da cidade, mas também aspectos da política e variedades, e ela com suas 16 páginas dedicadas ao mundo feminino, como considerado na época.

Em uma entrevista antiga, Nadyegge conta que nem sempre era fácil seguir o ritmo de eventos sociais do marido, já que ele precisava frequentar muitos em um curto período de tempo, e ela gostava de permanecer em um mesmo local. A “agenda oficial” não atrapalhava a vida social-pessoal deles. A filha Nadyesda Almeida conta que na infância a casa sempre estava cheia em confraternizações animadas com intelectuais, políticos e artistas – o casal era bastante participativo no campo das artes.

“Sempre bonita e de vanguarda, era alguém além do tempo dela. Uma pessoa muito ativa e mais liberal para a época em que viveu”, comenta Nadyesda que, por influência dos pais, também seguiu no ramo da comunicação. Ela lembra que, antes de começar a escrever no jornal, a mãe se dedicava à casa e à criação dos quatro filhos. Quando o Caderno da Mulher entrou na vida da família, mudou também a rotina das crianças, que passaram a brincar entre blocos e máquinas de escrever na redação que ficava na Praça Carlos Gomes.

Nadyegge também participava da organização de dois concursos de beleza realizados por Dino: o Glamour Girl do Paraná, que elegia a representante dos clubes sociais considerada mais bonita entre as concorrentes; e a Garota de Caiobá, espécie de concurso de miss da praia paranaense, da qual a família era frequentadora.

Em casa, a cozinha era seu reino. Gostava de preparar variados pratos e de receber amigos em jantares e almoços. Enquanto cozinhava – importante fatia de tempo em seu dia-a-dia – não dispensava uma boa prosa. Por isso, tinha uma mesa grande, de 12 lugares, em plena cozinha, para que os convidados conseguissem interagir com ela plenamente enquanto preparava suas especialidades. Entre elas, sua favorita era o preparo do barreado, prato típico do Paraná, terra que lhe serviu de assunto a vida toda. Teve quatro filhos, um deles falecido, e oito netos.

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