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Bairro Alto da XV foi um dos mais atingidos pelas enchentes no começo do ano: obra no bairro promete amenizar o efeito da chuva. | Albari Rosa / Gazeta do Povo/Arquivo
Bairro Alto da XV foi um dos mais atingidos pelas enchentes no começo do ano: obra no bairro promete amenizar o efeito da chuva.| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo/Arquivo

Na tentativa de conter enchentes, como as do mês de março, três reservatórios com capacidade total de 9 milhões de litros de água – o equivalente a 12 piscinas semiolímpicas – serão construídos nos bairros Alto da XV e Cristo Rei, em Curitiba. As obras terão custo de R$ 13,5 milhões e serão executadas com recursos do governo federal em três ruas: João Américo de Oliveira, Camões e Rua do Herval, que integram a bacia do Rio Juvevê, afluente do Rio Belém.

O anúncio de que o projeto da prefeitura de Curitiba foi aprovado pela Caixa Econômica Federal e homologado pelo Ministério das Cidades trouxe esperança para curitibanos como a designer de interiores Bernadete Barbosa, de 50 anos. Moradora da Rua Camões há cinco anos, ela não aguenta mais conviver com os alagamentos. “Quando chove forte, os bueiros não dão conta de fazer o escoamento e começam a jorrar água para a rua, alagando tudo e estragando o asfalto. Nossa região tem sofrido muito e eu não aguento mais”, afirmou a designer.

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Para a enfermeira aposentada Kenia Del Pino, 55 anos, a situação já se tornou insustentável. “Conheço muita gente que já perdeu tudo com essas enchentes e até meu marido ficou ilhado no mês de maio”, relatou. Segundo ela, o esposo saiu de casa para buscar as filhas em um dia chuvoso e, em questão de segundos, percebeu o surgimento de um rio em cima do asfalto. “Foi muito rápido porque os bueiros praticamente explodiram e encheu tudo. Ainda bem que ele conseguiu colocar o carro na entrada de uma casa um pouco mais alta. Só que ficou ilhado ali durante mais de uma hora e meia”, disse.

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A designer de interiores Bernadete Barbosa mostra as falhas que as última enchentes deixaram no asfalto da Rua Camões.Raquel Derevecki/Gazeta do Povo

De acordo com Claudio Guillen, coordenador técnico de projetos de drenagem da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), esses alagamentos ocorrem porque a galeria subterrânea atual - por onde passa o Rio Juvevê - não tem sido suficiente para absorver o volume de chuvas que atinge a capital. “Então, construiremos três novos reservatórios, maiores do que os atuais”, informou.

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Mas as galerias já existentes não serão desativadas. “Elas vão funcionar normalmente e, quando chover mais forte, dispositivos de controle farão o excesso de água cair no reservatório paralelo, que é maior”, explicou o coordenador. Cada um dos novos reservatórios terão capacidade para 3 milhões de litros de água.

Construção e preocupação

As obras terão duração aproximada de seis meses em cada trecho e poderão alterar significativamente a rotina dos moradores, já que a técnica utilizada será a mesma das escavações de trincheiras e túneis. Esse método construtivo exige a retirada de parte do asfalto e das calçadas para realizar a abertura de quase oito metros de profundidade.

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Para a comerciante Cristiane Caldas, de 44 anos, a notícia traz uma mistura de sentimentos, já que é a obra é necessária para benefício da população ao mesmo tempo em que pode afetar negativamente o comércio. “Só de pensar eu fico desesperada porque, ao tirarem todo o asfalto daqui, os clientes não terão mais acesso às lojas”, disse. Segundo ela, o pior é saber que os seis meses prometidos pela prefeitura podem se estender facilmente e chegar a um ano ou mais. “Já vimos isso muitas vezes, então esperamos que cumpram o prazo”.

Outra preocupação é com a entrada e saída das residências do bairro. “Se vão abrir toda a rua, como vamos sair de casa?”, questionou a farmacêutica Ângela Sakata, 39 anos. O coordenador da SMOP explica que a circulação dos moradores deverá ser mantida e adianta que o projeto já contempla a colocação de novo asfalto e área de passeio para beneficiar ainda mais a região. “Vamos abrir o chão, preparar a estrutura de concreto subterrânea e cobrir tudo novamente, reconstituindo o asfalto e as calçadas”, explicou Guillen.

A nova estrutura, segundo ele, terá capacidade suficiente para corrigir o problema das enchentes, mas necessita do apoio da população mantendo os bueiros sempre limpos para escoamento da água. “Atualmente, o que mais ocupa nossas equipes na cidade é o trabalho de desobstrução de galerias por sujeira acumulada lá”, informa. Se isso continuar, as enchentes podem voltar a ocorrer mesmo após a construção dos reservatórios. “Pense em uma pia entupida. Quando você jogar a água, ainda que tenha espaço embaixo, ela vai jorrar, devolvendo essa água. O mesmo poderá ocorrer se os bueiros entupirem com lixo”, alertou.

Recursos

O projeto está em desenvolvimento desde 2012 e integra o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais do governo federal. Ele foi retomado no ano passado e agora será aberta a licitação para contratar as empresas responsáveis pelo trabalho.

De acordo com a SMOP, essa tramitação inicial deve durar aproximadamente quatro meses e, logo depois, as obras devem começar. “Lembrando que a duração do trabalho dependerá do resultado da licitação para sabermos se apenas uma empresa será responsável pelos três reservatórios ou se eles cada um deles será feito por uma companhia diferente. Pois isso interfere no tempo das obras”, adiantou.

Na Rua João Américo de Oliveira, o trecho afetado fica entre as ruas Emílio Egon Heidinger e Alfreso Wenske. Na Camões, as obras irão ocorrer entre a Rua Dep. Carneiro Campos e a Jaime Balão, enquanto na Rua do Herval, o trabalho deve atingir o trecho entre a Rua Atílio Bório e a linha férrea.

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