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Passaporte da vacina em Curitiba: entidades de classe são contra restrição
| Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Entidades representativas do comércio, de restaurantes/bares e do turismo de Curitiba são contra a criação de um passaporte da vacina que proíba as pessoas que não forem imunizadas da Covid-19 de frequentar estabelecimentos.

O projeto do Certificado Municipal de Imunização e Segurança Sanitária (CMISS) foi protocolado em julho pelo vereador Dalton Borba (PDT). A proposta é de que o acesso de quem não for vacinado a estabelecimentos públicos e privados seja barrado exclusivamente nos períodos mais severos da pandemia, em especial quando o lockdown é decretado na bandeira vermelha. O projeto está em avaliação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal.

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“A proposta é justamente para ajudar na retomada da economia, impedindo que os estabelecimentos fechem nos períodos mais críticos das medidas sanitárias”, explica o vereador. “Por exemplo, no caso de um novo avanço da doença, lotando as UTIs, o município não precisaria decretar o fechamento de supermercados e comércio. Bastaria permitir a entrada apenas de pessoas vacinadas neste período de excepcionalidade da bandeira vermelha”, completa Borba.

Dessa forma, reforça o autor do projeto, a medida não seria necessária em períodos como o que Curitiba vive neste mês de agosto, em que a prefeitura vem flexibilizando cada vez mais as restrições com a bandeira amarela, com os estabelecimentos abertos normalmente, desde que cumprindo as medidas sanitárias, como uso de máscara e distanciamento social.

O temor das entidades de classe, porém, é de que Curitiba adote medidas mais rígidas como São Paulo, onde a prefeitura chegou a anunciar segunda-feira (23) que comércio, restaurantes, bares, shoppings e outros estabelecimentos teriam de exigir o certificado de vacinação dos clientes a partir da próxima semana.

Entretanto, no dia seguinte ao anúncio, prefeitura de São Paulo retrocedeu, declarando que o comprovante seria “opcional” no comércio, bares, restaurantes e shoppings. A comprovação de vacina ficaria restrita na capital paulista somente a eventos com grande público, como jogos de futebol, espetáculos, shows e peças teatrais, além de congressos e feiras de negócios.

Restaurantes, lojas e eventos

Para o diretor da regional paranaense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), Nelson Goulart, a melhor solução seria Curitiba seguir a alteração feita pela prefeitura de São Paulo para que os estabelecimentos apenas recomendassem que os clientes sem vacina não entrassem, de uma forma que não os constrangesse, mas não barrá-los. “Claro que seria excelente se todo mundo se vacinasse. Mas se não há uma lei que obrigue as pessoas a tomar vacina, por que os estabelecimentos teriam que cobrar isso dos clientes?”, questiona o representante da Abrasel-PR.

“O ideal é o bom senso. Se o cliente não estiver vacinado, o estabelecimento pode dizer que há a indicação de que o recomendável seria ele se imunizar. Mas não barrar”, completa Goulart.

Já o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Camilo Turmina, defende que o ideal seria aprimorar as medidas sanitárias preventivas já existentes. “Se controlarmos o número de pessoas por metro quadrado na loja, anunciarmos na entrada a capacidade de cada estabelecimento, mais o uso da máscara e do álcool gel já é suficiente, ainda mais agora com o avanço da vacinação”, defende.

Segundo Turmina, uma exigência mais rígida do passaporte da vacina na realidade prejudicaria a retomada do comércio. “Como é que a gente vai negar clientes se ficou ainda mais difícil vender com a pandemia. Além disso, hoje o cliente só vai na loja em último caso, praticamente para pegar um produto que já encomendou. Muita gente foi para o comércio on line”, avalia o presidente da ACP. “Se o passaporte de vacina fosse aplicado para barrar os clientes não imunizados no comércio, deveria valer também para vôos e ônibus”, argumenta.

No caso de grandes eventos, o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Paraná (Abav-PR), Roberto Bacovis, diz que a cobrança do passaporte de vacinação seria ainda mais difícil, já que de cara levaria as pessoas a desistirem de viajar para eventos como feiras e congressos. “Criaria mais um empecilho. A pessoa nem viria a Curitiba sabendo que não poderia entrar no evento”, afirma.

Bacovis afirma que a retomada dos eventos vem sendo feita com uma série de medidas. “Houve um evento grande em Foz do Iguaçu há poucos dias com uma série de medidas para impedir a transmissão do vírus, não só o uso de máscara, mas também restrições quanto à alimentação, por exemplo. Essas medidas não atrapalharam em nada o andamento do evento”, compara.

Para o vice-presidente da Abav-PR, a discussão de passaporte imunológico da Covid-19 só valeria se a vacina já tivesse sido aplicada em toda a população. “Quando a vacina estiver disponível para todos, aí talvez até seria interessante essa exigência, porque é claro que traria segurança. Mas neste momento a cobrança de um passaporte de vacina só atrapalharia a retomada do setor”, reforça.

A prefeitura de Curitiba foi procurada para comentar a proposta do Certificado Municipal de Imunização e Segurança Sanitária (CMISS) e informou que não comenta decisões em trâmite na Câmara de Vereadores.

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