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Projeto combina produção de alimentos e ensino de agricultura orgânica em Curitiba
| Foto: Daniel Castellano/SMCS

Quando se pensa em fazenda, a imagem que vem à mente é de um lugar isolado, distante dos grandes centros, por onde se estendem grandes campos, ocupados por plantações e pelos animais que pastam tranquilamente. Mas existem exceções e uma delas está a apenas seis quilômetros do centro de Curitiba, em um dos maiores e mais populosos bairros da capital. Em pleno Cajuru, próximo a ruas movimentadas, estabelecimentos comerciais e residências, está uma área de 4,4 mil metros quadrados que abriga uma espécie de oásis da alimentação saudável, com dezenas de variedades agrícolas cultivadas sem o uso de agrotóxicos.

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Inaugurada no último dia 24 de junho pela prefeitura de Curitiba, a Fazenda Urbana é um projeto pioneiro no país. Um complexo de agricultura orgânica situado dentro da área urbana, no qual será possível acompanhar toda a cadeia da produção alimentícia, desde o cultivo até a preparação da comida. “Eu diria que é uma experiência social e antropológica, que busca resgatar um hábito ancestral da humanidade, o de plantar e colher”, resume o secretário municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Luiz Gusi.

Instalada em uma área de 4.435 m² ao lado do Mercado Regional do Cajuru, a Fazenda Urbana é definida pelo governo municipal como o “primeiro parque agroalimentar brasileiro”, reunindo métodos modernos de plantio de alimentos orgânicos (sem uso de agrotóxicos) e uso de energias renováveis. São mais de 60 variedades agrícolas cultivadas, como frutas, legumes e verduras, além de ervas, temperos, chás e plantas alimentícias não convencionais (as chamadas pancs). O espaço conta ainda com estufas de culturas mais sensíveis (como tomate, pepino e rúcula, entre outros) e para mudas que são destinadas às 31 hortas comunitárias da cidade, além de canteiros elevados para cadeirantes.

Segundo Gusi, a ideia surgiu em 2017, quando a secretaria passou a intensificar as atividades de agricultura urbana, como hortas comunitárias e escolares. “É uma atividade simples, que resgata muita coisa de nossa ancestralidade que foi se perdendo ao longo do tempo. Temos várias iniciativas espalhadas pela cidade, então achamos que era necessário ter um espaço para gerar e difundir esse conhecimento”, explica. Da apresentação do projeto, elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), à conclusão das obras, foi necessário um ano e sete meses.

Difundindo conhecimento

Mais do que produzir alimentos – os quais são destinados a programas sociais do município – o objetivo da Fazenda Urbana é difundir conhecimento. Para isso, estão previstas diversas atividades após o período de pandemia, quando a fazenda terá capacidade para receber até 150 visitantes por dia. Entre esses visitantes, estarão alunos da rede municipal de ensino, que vão aprender in loco sobre agricultura orgânica. “Quando a criança tem essa vivência, coloca a mão na terra, isso tem um valor muito grande. Ela aprende, conversa com os pais e desperta maior consciência sobre a importância da alimentação saudável”, observa o secretário.

O público-alvo, porém, não se restringe aos estudantes. O local receberá interessados em aprender a produzir em pequenos espaços, como casas e apartamentos, terá aulas e workshops aos produtores de hortas comunitárias e para os cerca de 34 mil agricultores da Região Metropolitana. Uma cozinha-escola irá receber chefs renomados para treinamentos e aulas show, utilizando os alimentos e temperos produzidos no local. Segundo Gusi, o objetivo é “demonstrar na prática o sabor da refeição produzida em pequenas hortas”. “Quando o cidadão urbano entende o meio rural, ele consegue trabalhar melhor os conceitos de orgânico e sustentável”, afirma.

Técnicas sustentáveis

Sustentabilidade é outro conceito trabalhado fortemente na Fazenda Urbana. Os canteiros das hortas são sustentados com material reaproveitado, como troncos de madeira, canos de PVC e garrafas pet. Parte da energia usada no funcionamento do local virá de fontes renováveis, como painéis solares. Os cerca de 200 a 300 quilos de produtos do Mercado Regional que antes iam para o lixo agora são destinados a um banco de alimentos ou à central de compostagem de resíduos orgânicos que funciona no local. Por fim, os visitantes poderão aprender a fazer captação e reaproveitamento da água das chuvas.

A fazenda sedia ainda o projeto Jardins de Mel, voltado para a criação de abelhas nativas sem ferrão. Os insetos ganharam cinco caixinhas, espalhadas pelo complexo, que vão ajudar, por meio da polinização, a aumentar a qualidade e a produção das hortaliças cultivadas no local. Além disso, o espaço irá abrigar pesquisas relacionadas à agricultura sustentável. Um edital de chamamento público selecionou pesquisadores, universidades e startups interessados em validar no local produtos e soluções agrícolas inovadores, bem como o uso de energias renováveis.

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