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 | JULIANO PEREIRA SANDRINI/Arquivo da família
| Foto: JULIANO PEREIRA SANDRINI/Arquivo da família

As crianças e as pessoas mais pobres eram o foco da dedicação e do amor do médico e professor Romolo Sandrini Neto, morto em outubro deste ano aos 76 anos. Pioneiro no estudo da endocrinopediatria, ramo da medicina que trata das questões hormonais na infância, publicou centenas de trabalhos no Brasil e internacionalmente sobre o tema. Foi um grande apaixonado pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde lecionou e atendeu.

Catarinense natural de Braço do Norte, muda para Curitiba para prestar o vestibular, no qual passa com relativa facilidade, já que sempre foi muito dedicado aos estudos. Conclui o curso na UFPR em 1965 e dois anos depois casa com a artista plástica Teca Sandrini, que anos depois seria professora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) e diretora do Museu Oscar Niemeyer. Nos anos 1970, o casal vive por mais de dois anos em Buenos Aires, onde Romolo cursa Endocrinologia Pediátrica na Universidade de Niños.

Entre os assuntos tratados nas centenas de estudos e teses publicados ao redor do mundo estava o diabetes, as questões de crescimento infantil, como o nanismo e o hipotireoidismo. Materiais escritos décadas atrás por ele na área da endocrinologia pediátrica ainda são referência para outros profissionais. Em um dos estudos mais conhecidos coordenados pelo médico está o que trata do efeito do uso intensivo de agrotóxicos nos alimentos de crianças, causando mutação genética e, consequentemente, um tipo tumor.

Docente no HC por mais de 30 anos, foi professor titular do mestrado e doutorado da UFPR. Ao acompanhar os alunos nas aulas, cuidava com apreço dos pacientes do Hospital. Foi vice-reitor da Universidade entre 1998 e 2001, recebeu o título de Cidadão Honorário de Curitiba em 2009 e foi presidente do Departamento de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. No final dos anos 1980, passa uma temporada como professor convidado na Johns Hopkins University em Baltimore, Maryland, nos Estados Unidos.

O homem alto e forte de ascendência italiana e alemã conheceu a futura esposa em grupos de ação católica que ambos frequentavam. Unidos desde então, formavam uma sintonia fina e compartilhavam, além da vida conjunta, a paixão por diferentes tipos de arte. Conhecedor de cinema – passou por Federico Fellini, Woody Allen e o Cinema Novo brasileiro – e de literatura, devorava clássicos latino-americanos como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Teca brinca que ele não dormia, era muito intenso e lia seus livros com um dicionário e um atlas ao lado para eventuais consultas.

Quando em Paris, fez para ela um tour guiado contando o que acontecera na história e na literatura em cada uma das ruas por onde passavam. Amava, segundo ele, todos os tipos de música boa, indo do jazz à ópera. “Foi um homem culto e correto. Foi muito amado e soube amar e respeitar muito. Um humanista, uma pessoa que realmente fez a diferença”, conta a esposa Teca. Romolo deixa esposa, dois filhos e dois netos.

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