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Campeã brasileira de longboard em  2013, Barbara Sieno foi uma das alunas do curso | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Campeã brasileira de longboard em 2013, Barbara Sieno foi uma das alunas do curso| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os guarda-vidas não são as únicas pessoas que podem salvar banhistas prestes a se afogar. Excelentes nadadores e conhecedores dos padrões do mar, os surfistas das praias mundo afora também costumam ser responsáveis por tirar muitas pessoas de apuros. E é justamente pensando em aprimorar essas habilidades que o Corpo de Bombeiros do Paraná irá promover, na próxima semana, um curso de salvamento exclusivo para os atletas em quatro praias do estado.

Ao longo de três dias, o treinamento chamado de Surf Salva se propõe a ensinar a ambientação em meio líquido, o resgate com o uso de pranchas, manobras de desobstrução de vias aéreas e como fazer a reanimação cardiopulmonar. O curso acontece desde 2005, e desde seu início atraiu surfistas como a campeã brasileira de longboard (2013) Barbara Sieno, que estava em busca de aprender a lidar com situações que já havia vivenciado na água. “Eu já tinha ajudado várias pessoas em afogamento, mas sem muita confiança. Quando você não tem certeza do que está fazendo, é muito fácil ficar sem reação”, explica a atleta, que começou a surfar aos 10 anos em Matinhos.

Surfista decidiu fazer o curso depois de passar por uma experiência de salvamento.Albari Rosa/Gazeta do Povo

Bárbara se inscreveu para o Surf Salva em 2015, após retornar de um período morando no Litoral de São Paulo. Um pouco antes, ela havia passado por uma experiência de salvamento que lembra até hoje - e talvez tenha sido responsável por despertar na atleta o olhar atento para quem precisa de ajuda no mar. “Eu estava pegando onda em Ubatuba, onde o mar costuma ser revolto, quando ouvi um homem gritando por ajuda. Era um guarda-vidas, que estava tentando salvar dois homens, mas sabia que pelas condições talvez não desse conta sozinho”, lembra. Por causa da surpresa, Barbara conta que demorou um pouco para reagir, mas conseguiu ir até uma das vítimas, colocá-lo sobre sua prancha e empurrá-lo em direção à areia - o que ela descobriu no curso, anos mais tarde, que na realidade não era a ação mais indicada para o momento, apesar de ter dado certo naquela vez.

Foi durante o treinamento, por exemplo, que a surfista aprendeu a técnica chamada de alavanca: “Descobri que se você encontra uma pessoa que está afundando, você pode usar a prancha para criar uma alavanca, e conseguir trazer ela para a superfície”, exemplifica. De lá para cá, ela não apenas passou a lidar com essas e outras situações de forma mais eficiente, como acabou se apaixonando pelo trabalho de guarda-vidas. Por isso, em 2017, chegou a fazer o curso de guarda-vidas civil, que capacita profissionais para trabalhar na função de forma temporária - como por exemplo durante a Operação Verão.

Na temporada e fora dela

Mesmo sendo muito útil durante a temporada, quando a praia está lotada e há banhistas por todo o mar, a ajuda dos surfistas faz uma diferença maior ainda no inverno. Isso porque na estação fria não há tantos guarda-vidas na areia, o que deixa os banhistas por sua própria conta e risco. Dessa forma, o surfista acaba sendo a pessoa mais preparada e equipada para ajudar. Por isso, mesmo que o curso aconteça após o fim da temporada, ainda haverá muito trabalho pela frente para quem decidiu participar das aulas.

Também é importante ressaltar que, apesar de os surfistas geralmente serem de grande ajuda, é preciso entender que nem todos estão capacitados para esse tipo de ação. “Tem muitos que apesar de surfarem bem, não nadam tão bem assim. Então não dá pra considerar que o surfista poderá ajudar como um bombeiro”, ressalta Bárbara.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, as quatro sessões do curso, em Guaratuba, na Ilha do Mel, em Matinhos e em Pontal do Paraná, tiveram suas 100 vagas esgotadas dois dias após a abertura das inscrições. Os treinamentos irão acontecer logo após o Carnaval, do dia 7 ao dia 9 de março. Ainda não há novas edições marcadas, mas a corporação estima que isso deve acontecer ainda em 2019. Para quem se interessou em participar futuramente, é preciso ter mais de 18 anos e possuir uma prancha. Gratuito, o curso é aplicado por bombeiros militares do Paraná, sendo muitos deles surfistas.

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