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 | Guilherme Dias Ribeiro/Arquivo pessoal
| Foto: Guilherme Dias Ribeiro/Arquivo pessoal

Quem sai do bairro Cajuru e precisa chegar ao tubo Pastor Manoel Virgínio de Souza, no Capão da Imbuia, convive com uma situação que causa problemas para o deslocamento e potencializa a ação de criminosos na região. O caminho entre o bairro e o tubo é frequentemente bloqueado por um trem, que estaciona por cerca de uma hora nos trilhos paralelos à Avenida Presidente Afonso Camargo praticamente todos os dias, em horários variados. O biarticulado Centenário-Rui Barbosa, que conecta o bairro ao centro da capital, para nessa estação-tubo.

O trecho, entre as ruas Professor Nivaldo Braga e Delegado Leopoldo Belczak, não oferece opção para pedestres que precisam cruzar os trilhos e chegar à estação. No local, caminhos acabaram se formando na via férrea devido à circulação das pessoas.

A rotina do comboio atrapalha a vida de muita gente que vive no lugar. A doméstica Benedita Assunção usa a linha de ônibus que passa pelo tubo todos os dias, e relata o perigo que a presença do trem tem causado. “Minha vizinha foi roubada aqui. Ela pulou o trem, e os bandidos ficam esperando do outro lado. Derrubaram ela e um rapaz pegou a bolsa e saiu correndo. Pulou o trem em direção ao bairro e correu pela rua. Não dava para fazer nada”, afirmou.

O analista de Marketing Guilherme Dias Ribeiro também já foi vítima de uma tentativa de assalto e diz que só não perdeu seu computador porque saiu correndo. “Há dois meses tentaram me roubar, mas sai correndo. Sempre estou com notebook por causa da pós-graduação. As ruas são escuras, é bem perigoso, e acho que o trem ajuda a ação deles [criminosos]”.

Cobrador no tubo citado há cerca de um ano e meio, Welinton Rick diz que praticamente todos os dias vê o trem parado no local. O trabalhador conta que já ouviu relatos similares ao de Benedita, ou seja, de que o trem é usado como escudo por criminosos. “Nunca vi, mas sei que acontece. Eu vejo gente chegar aqui chorando, reclamando, assustados porque acabaram de ser assaltados”.

De acordo com Rick, as reclamações são constantes sobre o lugar de estacionamento do veículo, já que além do risco muitos também não conseguem chegar ao ponto. “As pessoas reclamam bastante que não conseguem passar. Idosos vem aqui tentar cruzar e desistem, porque é difícil para eles ir até onde o trem acaba, e não tem como eles pularem o vagão”, contou.

Ribeiro conta que é comum precisar passar entre os vagões do veículo para chegar ao tubo. Segundo ele, existem alternativas para contornar o trem, algo que exige um desvio significativo de sua trajetória. “A gente tem duas possibilidades, ou anda até o terminal, ou até o tubo Paulo Kissula. Dá um quilômetro a mais de qualquer jeito. Acaba sendo um transtorno porque não é um dia ou outro, quase sempre tem que fazer isso. Então, quase todo mundo prefere pular o trem”, contou.

Vendedor de uma loja de bicicletas instalada quase em frente ao tubo há 17 anos, Wellinton Kusman diz que a máquina fica parada no local em funcionamento, atrapalha toda a vizinhança, seja na locomoção das pessoas, seja pelo transtorno que causa à rotina do comércio e dos moradores. Como depende do telefone, o comerciante adapta a prática de seu negócio, tenta driblar o problema para seguir trabalhando. “Eles ficam aí parecendo estacionados, por um bom tempo, daí começa o vai e vem. Fica uns 40 minutos, depois vai embora. Nesse tempo a gente não consegue nem conversar, o comércio é aberto, treme todo o prédio aqui”.

Kusman diz que os moradores do local chegaram a fazer um abaixo-assinado, para tentar cessar a atividade dos trens no local, mas que a iniciativa não teve efeitos práticos. Segundo ele, toda a vizinhança sofre com o barulho das máquinas. “Meu vizinho aqui fez o documento, entregou para a empresa, mas eles não deram resposta nenhuma. Eu imagino quem tem criança pequena”, disse.

Soluções

Benedita propõe uma solução, mas se mostra descrente quanto a uma ação para o problema trazido pelo trem. “Podiam fazer um caminho, uma passarela, alguma coisa que a gente pudesse atravessar. Mas duvido. Qualquer hora alguém vai machucar pulando o trem. Aí que eu quero ver o problema que vai dar”, afirmou.

Em nota, a Rumo Logística, empresa responsável pelo trecho concessionário da linha férrea, afirma que suas operações seguem as normas vigentes. A empresa diz também que procura causar o menor impacto possível à população. Segundo a companhia, os locais apontados pela reportagem não são pontos de travessia de pedestres, e devem ser evitados pelas pessoas. A Rumo diz ainda que os locais apropriados para travessia são indicados por sinalização.

A empresa não respondeu às questões da reportagem relativas à natureza da operação, ao conhecimento das queixas da população e sobre a possibilidade de realizar uma programação prévia das atividades e sua possível realização em outros locais.

Assaltos

Já em relação aos casos de assalto, a Polícia Militar afirma que o 20.º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área, realiza policiamento preventivo e ostensivo, que as ações são desempenhadas pelas viaturas da unidade e que também agem na área unidades da Rotam, além do Serviço Reservado. A PM orienta que a população procure a corporação pelo telefone (190) em caso de alguma ocorrência, já que as reclamações ajudam no planejamento e readequamento do policiamento. Outra medida importante é registrar o Boletim de Ocorrência.

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