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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Algumas unidades de saúde de Curitiba – como os postos do Atuba, Bairro Alto, Barreirinha, Tarumã e Ouvidor Pardinho – não tem a vacina BCG. A falta foi confirmada nesta sexta-feira (2) pela Secretaria Municipal de Saúda (SMS) da capital paranaense, que disse se tratar de indisponibilidade pontual por causa de um atraso no repasse feito mensalmente pelo Ministério da Saúde. A BCG previne contra a tuberculose e é uma das principais vacinas do calendário infantil, sendo recomendada para bebês 30 dias após o nascimento.

Segundo o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira, a promessa é de que o estoque seja normalizado já na próxima semana. Mas, caso isso não aconteça, a prefeitura terá de fazer contingenciamento da vacina, com um calendário que vai concentrar doses apenas nas unidades de saúde mais buscadas da cada regional – como acontece com a vacina da febre amarela, por exemplo. O calendário será divulgado na segunda-feira (5).

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Calendários com dias específicos de aplicação já eram usados em todas as unidades para evitar desperdício da substância, contida em um frasco que rende dez doses, mas que fica inutilizável depois de um período de seis horas. Em algumas unidades, a informação foi de que a vacinação ocorre de duas a três vezes no mês e que seria necessário telefonar nas respectivas datas para saber se a dose de BCG estaria disponível. Mas houve também postos que fazem vacinação semanal e confirmaram que todas as semanas recebem a vacina.

Com a baixa no estoque, um novo cronograma oficial para os dias de vacinação deve ser divulgado pela prefeitura na semana que vem. Mesmo assim, ao longo desta sexta-feira algumas unidades de saúde já tiveram seus estoques remanejados, e muitas deixaram de fazer a aplicação da vacina. As doses restantes foram removidas e levadas para postos específicos de cada regional da cidade. Na regional Pinheirinho, por exemplo, a aplicação da BCG foi concentrada na unidade de saúde Ipiranga, que passará a acontecer sempre às quintas-feiras. Na regional CIC, as doses foram levadas para as unidades Barigui e Augusta. Também estão aplicando a BCG as unidades de saúde Santa Felicidade e Cajuru.

Por enquanto, a orientação da SMS é de que os pais continuem a buscar o posto mais próximo de casa. Em caso de não haver o imunizante no dia previsto, é possível optar por agendamento da vacina ou encaminhamento para outra unidade de saúde onde as doses estejam disponíveis.

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Conforme Oliveira, Curitiba ainda 1650 doses da BCG espalhadas pela cidade, o que garante um remanejamento de vacinas capaz de atingir boa parte dos bebês da cidade. Por mês, estima-se que 1,5 mil crianças nasçam na capital. “Foi convencionada a aplicação da BCG ao completar o primeiro mês de vida. Mas essa vacina é flexível e pode ser feita ate os quatro anos de idade. O atraso é infeliz, mas não há prejuízo para a saúde do bebê”, garante Oliveira.

De acordo com a SMS, a vacina é importada da Índia e um novo lote tem previsão de chegada para terça-feira. Caso o prazo não se cumpra, porém, a secretaria deve seguir o plano de contingenciamento.

Em busca da vacina

Foi depois de tentar vacinar o filho recém-nascido em quatro postos de saúde de Curitiba, que a relações públicas Rosane Costa Pereira descobriu que a vacina BCG está com estoques baixos. Além de tentativas frustradas para obter a dose nos postos do Atuba, Bairro Alto e Tarumã, a mãe também não conseguiu a imunização na unidade da Ouvidor Pardinho, indicada à Rosane pela central 156 como tendo estoque disponível.

A procura de Rosane começou na última terça-feira (30). “Eu já sabia que não era todos os dias que a vacina estava disponível, mas o que me informaram em todos os postos da minha regional, que é a Bairro Alto, é que não havia nenhuma em estoque e muito menos previsão para chegar”, explica.

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“É um absurdo não ter essa vacina tão importante para o bebê. É claro que como mãe de recém-nascido eu fiquei muito preocupada”, conta a relações públicas. Depois das três primeiras tentativas nos postos próximos a sua casa, que fica no Bairro Alto, a mãe decidiu ligar para a central 156 para comunicar o problema. Durante o telefonema, foi informada de que a unidade de saúde Ouvidor Pardinho, no Rebouças, deveria ter doses disponíveis. “Seria difícil pra eu conseguir ir tão longe de casa com o bebê e meu outro filho, que tem quatro anos. Até porque o carro da família fica com meu marido, que trabalha durante o dia”, relata a mãe. Mesmo assim entrou em contato com o posto, que informou que a vacina também tinha acabado por lá.

Resposta do prefeito

Frustrada com a situação, Rosane fez um post no Facebook nesta quinta-feira (1), contando o problema e marcando o prefeito Rafael Greca (PMN). Na caixa de comentários, o prefeito respondeu à mãe que a reclamação “não procede”, mas garantiu que receberia o auxílio da Secretária de Saúde Marcia Huçulak. Greca pediu, ainda, que Rosane abandonasse sua raiva e trocasse-a “por ternura com seu bebê curitibinha”.

“A partir daí recebi ligações de várias pessoas da Saúde, e conseguiram descobrir que o posto do São Francisco tinha doses disponíveis. Mas eu estava sozinha com meus filhos e não tinha como ir até lá hoje”, relata a mãe. O passo seguinte, então, seria aguardar o remanejamento de algumas doses para a unidade de saúde do Bacacheri, que seria mais próxima da casa de Rosane a receber a BCG.

A mãe espera receber ainda nesta sexta-feira (2), uma ligação de uma funcionária da Saúde, para que então a vacinação pudesse acontecer na segunda-feira (5). Mesmo se essa alternativa der certo, outras mães podem não ter a mesma oportunidade: “Imagino que a lista de espera para conseguir a BCG esteja com dezenas de nomes, todas na mesma situação”, avalia Rosane.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde para questionar o atraso no repasse doses para Curitiba e aguarda o retorno.

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