Enquanto o Jardim Botânico deixou de ser alvo de críticas após ter iluminação e manutenção restabelecidas em janeiro, o Velódromo de Curitiba, no mesmo anexo do parque, está em situação precária. Praticantes de esportes, idosos, crianças e famílias que usam o espaço para lazer têm compartilhado a área com usuários de drogas, pixação, lixo e mato. A falta de cuidados e segurança causa indignação em quem vê no local um potencial ignorado.
IMAGENS - confira o abandono do Velódromo de Curitiba
“Se você vai ali do lado, no Jardim Botânico, não vê um papelzinho no chão. Aqui tem bêbados, têm usuários de crack. É isso que chama a atenção. Por que a prefeitura cuida tanto do lado de lá e aqui é desse jeito?”, questiona o professor Ney Daros, que orienta atividades físicas para um grupo de idosos na academia de ginástica ao ar livre do velódromo. “Faz falta uma segurança mais permanente e é preciso também fazer uma manutenção melhor de tudo”, cobra.
Catiane Bellé, de 30 anos, que se exercita no complexo, também critica a falta de manutenção. Além de ser uma das poucas pistas de ciclismo do país, o velódromo de Curitiba tem ainda quadras de tênis, área de caminhada e corrida e uma quadra de areia, que está tomada por barro e mato. “É um espaço tão legal para jogar tênis, andar de bicicleta, enfim, praticar esportes, mas está muito mal cuidado. Fim de semana você quer vir aqui fazer um piquenique, mas com o tamanho dessa grama não dá”, reclama Catiane.
A grama no velódromo realmente está alta e o mato se acumula na mesma proporção que o lixo espalhado. A única lixeira próxima à escada que dá acesso à pista de ciclismo já não suportava mais nada de tão cheia quando a reportagem esteve no parque na manhã de quarta-feira (5). O resultado era lixo espalhado pelo chão. Ao longo do gramado onde famílias costumam fazer piqueniques nos finais de semana, muitos papeis e embalagens deixados para trás se juntam a objetos usados por usuários de drogas, como latas usadas para fumar crack.
Idosos que integram o programa municipal de atividades físicas da terceira idade contam que a situação está crítica há tempos. Ernesto Guerra, um dos participantes, disse que o grupo, que funciona há dez anos, chegou a ter 50 pessoas. Agora, não passa de 15. Segundo ele, a falta de estrutura do velódromo certamente ajudou a encolher a equipe.
“O abandono é sim uma das causas de ter menos gente aqui hoje. Não tem conforto. Não tem nem onde fazer xixi. Se aperta, a gente tem que ir no banheiro lá do Jardim Botânico”, relata Guerra. O aposentado diz que há algum tempo o banheiro no Centro de Esporte e Lazer (Cel) que a prefeitura mantém no complexo não funciona mais. “Foi arrombado muitas vezes e agora não tem como usar”, aponta Guerra.
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj) afirmou, contudo, que a utilização do banheiro não foi interrompida. Porém é necessário solicitar a chave para o funcionário da Secretaria e devolver após o uso.
A prefeitura também informa que desde outubro de 2016, quando foi interrompido o contrato de manutenção de praças da regional, equipes do município vêm trabalhando na roçada e limpeza do espaço. Uma nova intervenção está programada ainda para esta semana.
Ainda de acordo com a gestão municipal, Jardim Botânico e Velódromo são equipamentos distintos. Segundo a prefeitura, há uma patrulha da Guarda Municipal que faz ronda em toda a região do Jardim Botânico, formada por dois guardas a pé e duas motos das 6h às 20 h. Mesmo assim, informa a prefeitura, houve reforço da equipe no início de março. Nos finais de semana, o patrulhamento é dobrado. A Guarda Municipal ainda promete ações mais ostensivas na região nas próximas semanas.
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