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O setor agropecuário deve crescer mais do que o esperado no próximo ano. Foto: EXPEDIÇÃO SAFRA 2018/2019 – CRUZ ALTA-RS – COLHEITA DE SOJA
O setor agropecuário deve crescer mais do que o esperado no próximo ano. Foto: EXPEDIÇÃO SAFRA 2018/2019 – CRUZ ALTA-RS – COLHEITA DE SOJA| Foto: Foto: Gazeta do Povo

Se o governo está otimista com uma retomada mais forte da economia a partir do ano que vem, há pelo menos oito dados que reforçam essa tese. A expectativa é de que o crescimento econômico de 2020 será "substancialmente” superior ao observado nos últimos anos, puxado, principalmente, pelo setor privado. A projeção oficial do ministério da Economia é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,32%, mas o número deve ser revisto para cima, ficando entre 2,5% a 3%.

Se confirmada, será a maior taxa de crescimento da economia brasileira desde 2014, quando começou a recessão, que durou até o fim de 2016. Em 2017 e 2018, apesar de o Brasil ter saído da crise, o PIB cresceu apenas 1% e 1,1%, respectivamente. Neste ano, o desempenho deve ser semelhante. Dados do último Boletim Focus, do Banco Central, apontam para crescimento de 1,1%.

Já para 2020, as instituições financeiras acreditam que a economia pode avançar em 2,24%. Divulgado no Boletim Focus, o número está revisado para cima semanalmente, fruto dos bons indicadores econômicos em algumas áreas, da taxa de juros baixa e da agenda de reformas macroeconômicas em andamento. Há quatro semanas, por exemplo, o mercado esperava um crescimento de 2,08% para o próximo ano.

Confira alguns dados e indicadores que têm levado o governo e o mercado a acreditarem que a economia vai melhorar a partir de 2020.

Taxa de juros

O Comitê de Política Monetário (Copom) do Banco Central deu continuidade neste ano à política de redução da taxa básica de juros, a Selic. A taxa, que estava em 6,5% no começo no ano caiu para 4,5% na última revisão feita pela autoridade monetária. É o patamar mais baixo na série histórica.

Em geral, juros mais baixos tornam o crédito mais barato, estimulando investimentos e o consumo de bens duráveis. O efeito da queda de juros demora, normalmente, de seis a nove meses para se refletir na economia, o que indica que em 2020 o Brasil sentirá os efeitos positivos da taxa Selic mais baixa da história.

Demanda industrial em alta

O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais iniciou o quarto trimestre do ano com alta de 1,8%, na comparação com setembro. Foi a segunda alta pelo segundo mês consecutivo. Com esse resultado, o trimestre móvel encerrado em outubro registrou crescimento de 2,4%.

Basicamente, o indicador calcula tudo que foi produzido pela indústria no país, mas não foi exportado – ou seja, ficou para consumo interno (ou estoques) –, e adiciona as importações. É ele que mostra como está a demanda interna por bens materiais. Foi a primeira vez no ano que indicador teve duas altas consecutivas, ensaiando uma retomada.

PIB do agro

O setor agropecuário deve crescer mais do que o esperado no próximo ano, avalia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A previsão é que o PIB do setor avance de 3,2% a 3,7%. Os valores projetados são mais do que o dobro do esperado para este ano: 1,4%.

As expectativas otimistas se justificam porque, para 2020, é esperada a maior safra da história. Segundo o Ipea, a soja, o segmento com maior peso, vem sendo o principal produto agroindustrial da pauta de exportação, se beneficiando da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, e da baixa nos estoques do grão no país asiático.

Outro segmento que deve se destacar no próximo ano é a pecuária. Segundo o Ipea, em 2020, a pecuária deve apresentar um recorde de produção no país, impulsionada principalmente pelo aumento na demanda de países como China, Hong Kong e Emirados Árabes.

PIB do setor privado

Dados do PIB do terceiro trimestre de 2019, divulgado pelo IBGE, mostram que o setor privado vem ensaiando uma retomada. O componente do PIB que mede o investimento privado é a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Ele computa investimentos feitos pelas empresas em máquinas e equipamentos. Segundo o IBGE, esse indicador subiu 2% no terceiro trimestre em comparação ao trimestre anterior e 2,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Confiança indústria

O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), atingiu 96,3 pontos em novembro, o maior nível desde maio de 2018 (97,2 pontos). Se consideradas as médias móveis trimestrais, o indicador subiu pela primeira vez desde março ao passar de 95,3 pontos para 95,5 pontos.

Segundo o Ibre, a alta registrada foi bastante expressiva e disseminada em todos os setores, puxada principalmente pelas expectativas positivas para a produção. Porém, o indicador ainda permanece abaixo de 100 pontos, um patamar considerado historicamente baixo.

Confiança do serviço

Outro índice de confiança que está melhorando é o do setor de serviços. Também medido pelo Ibre/FGV, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) alcançou 95,0 pontos em novembro, o maior nível desde fevereiro deste ano (quando era de 96,5 pontos). O setor de serviços representa mais de 60% do PIB brasileiro. No terceiro trimestre deste ano, ele foi o principal vetor de crescimento da economia doméstica, com alta de 0,4% de julho a setembro.

Dívida pública em queda

O governo revisou, em dezembro, as suas projeções para a dívida pública brasileira para um cenário mais otimista. O Tesouro Nacional projeta que a dívida bruta ficará, neste ano, em 77,3% do PIB, ante 80,3% previstos anteriormente. Já para 2020, a estimativa da dívida passou de 81,7% do para 78,2% do PIB. Em 2021, o percentual em relação ao PIB deverá cair para 77,9%. A revisão aconteceu devido ao resultado acima do esperado para o PIB do terceiro trimestre (0,6%) e também ao recebimento de parte dos empréstimos que os governos de Dilma Rousseff (PT) fizeram ao BNDES. Ao todo, o banco já devolveu R$ 123 bilhões aos cofres públicos.

Venda de papelão ondulado

A venda de papelão ondulado cresceu 4,15% em novembro, segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). Foi o melhor desempenho para o mês desde 2005. Com isso, a venda atingiu 13.441 toneladas no ano, nível também recorde da série histórica. O papelão ondulado é usado para fazer embalagens, como caixas, acessórios ou chapa. Venda em alta desse produto significa que as pessoas estão consumindo mais produtos. Por isso, ele também é considerado um indicador do desempenho da economia.

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