O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, rebateu nesta quinta-feira as queixas dos produtores rurais de que falta crédito para conclusão do plantio da safra de grãos e disse que a maioria dos produtores tem acesso aos financiamentos. "As indicações são que 80% dos produtores estão em condições de plantio e com crédito", disse Stephanes. Ele admitiu, no entanto, que pode haver "problemas residuais" que serão administrados pelo governo no "dia a dia". De acordo com o ministro, as maiores dificuldades de crédito estão no Centro-Oeste.
Após participar de cerimônia de lançamento do Programa Defesa Agropecuária - Mais Ciência, Mais Tecnologia, Stephanes disse que as medidas anunciadas nos últimos dias pelo governo têm minimizado eventuais impactos que a crise internacional está provocando em termos de crédito para o setor rural. O Ministério da Fazenda já autorizou o Banco do Brasil (BB) a antecipar a aplicação de R$ 5 bilhões no crédito rural. Na semana passada, uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) garantiu mais R$ 5,5 bilhões para os agricultores. A expectativa é que o governo anuncie nos próximos dias a mudança da chamada exigibilidade da poupança rural, o que vai injetar mais R$ 2,5 bilhões no crédito rural.
Recessão e clima
Apesar dos temores de recessão mundial, o ministro demonstrou otimismo em relação aos rumos do agronegócio brasileiro. "O mundo vai continuar comendo. O mundo vai continuar precisando de produtos agrícolas", disse. De acordo com ele, o governo vai apoiar a comercialização da safra que será colhida daqui a seis meses por meio dos instrumentos de política agrícola. Essa ajuda disse Stephanes, dependerá do nível dos preços durante o período de colheita.
O ministro afirmou que as condições climáticas podem ser um complicador na safra 2008/09, que está sendo plantada em meio à crise financeira mundial que resultou na redução da oferta de crédito. "O ano passado foi um dos melhores em termos de clima dos últimos dez anos", afirmou. "É difícil repetir a mesma condição climática", completou. Stephanes lembrou que historicamente a tendência é de crescimento da produção agrícola do País. "Ela cresce muito quando o mercado está bom e o clima é altamente favorável", disse.
De acordo com ele, a tendência é de manutenção da área plantada no ano passado, com possibilidade de aumento de 1,2% a 2% para a safra que está sendo cultivada. Teoricamente, lembrou ele, a safra deveria ser maior. "Mas dificilmente iremos repetir as condições climáticas", insistiu. Ele lembrou ainda que a safra agrícola vem de dois períodos de recorde de produção. "Historicamente, é difícil ter três anos de recorde seguidos", completou.
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