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Brasil tem 167,6 milhões de linhas de celular com acesso à banda larga móvel, segundo a Anatel | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Brasil tem 167,6 milhões de linhas de celular com acesso à banda larga móvel, segundo a Anatel| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Adesão crescente aos smartphones beneficia lojas de e-commerce

Na contramão do comércio de lojas físicas, que acumula expansão nas vendas de apenas 2,4% em 2014 e caminha para fechar o ano passado com o mais fraco desempenho desde 2003, o e-commerce tem comemorado uma sucessão de números positivos no país. Segundo projeções da E-bit, o comércio online atingirá um faturamento de R$ 43 bilhões neste ano, um salto de 20% em relação a 2014.

No ano passado, o e-commerce brasileiro somou 103,4 milhões de encomendas, com tíquete médio de compra de R$ 347. O setor aproveita a crescente disposição do consumidor em aproveitar o celular não só para navegar nas redes sociais, mas também para fazer compras. Estudo divulgado recentemente pela Conversion, empresa especializada em marketing e conteúdo online, revela que 20% dos acessos a lojas online se dão por smartphones.

Desafios

O celular, porém, ainda tem um longo caminho à frente para se consolidar como uma carteira virtual. O mesmo estudo mostra que, apesar de um em cada cinco usuários acessar os sites de compras via smartphones, apenas 10% das transações on-lines são efetivamente feitas pelo aparelho. O maior desafio, por parte das lojas, é adaptar o conteúdo e o visual de seus portais às telas dos smartphones, que são bem menores do que as dos computadores, proporcionando uma melhor experiência na hora da navegação e da compra.

"Essa grande presença dos usuários por meio de smartphones motiva uma mudança no comportamento [das empresas] na internet. As informações têm que ser mais curtas, a navegação, em um espaço menor. O e-commerce e os sites brasileiros como um todo ainda não estão totalmente preparados para isso", afirma o CEO da Conversion, Diego Ivo.

Apesar de praticamente metade dos lares brasileiros terem um computador em casa, conforme a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o acesso à internet no país se concentra cada vez mais nas telas dos celulares. Somente nos últimos dois anos, entre 2012 e 2014, o número de linhas com acesso à banda larga móvel triplicou no Brasil, chegando a 167,6 milhões em novembro do ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

INFOGRÁFICO: Metade dos celulares brasileiros tem acesso à rede 3G ou 4G

A forte expansão do serviço 3G, aliada ao aumento das vendas de smartphones, tem trazido novas oportunidades de negócios para operadoras de telefonias, comércio online e empresas de tecnologia, que surfam na onda dos aplicativos.

Segundo os dados da Anatel, no fim do ano passado 60% das linhas de celulares em operação no país contavam com acesso ao 3G ou 4G, um porcentual que era de apenas 9% há cinco anos (veja infográfico). Paralelo a isto, o Brasil viu o número de aparelhos vendidos bater recordes a cada ano – a consultoria IDC estima que 2014 deve fechar com 55 milhões de unidades vendidas. O último balanço da consultoria mostrou que no terceiro trimestre do ano passado foram comercializados 15 milhões de smartphones, contra 4,7 milhões de feature phones, os aparelhos "comuns", sem conexão à internet.

A expansão da banda larga móvel e o ritmo das vendas de celulares compartilham um ponto fundamental: o barateamento do serviço e dos produtos. Em 2011, segundo a IDC, o preço médio de um smartphone atingia os R$ 900, patamar que baixou para R$ 500 no ano passado. Ao mesmo tempo, operadoras passaram a apostar em pacotes de dados mais baratos e flexíveis para celulares, com planos que custam menos de R$ 1 por dia.

"A mobilidade aliada à internet trouxe a facilidade de usar a web como ferramenta de apoio às necessidades básicas dos usuários, no dia a dia. Hoje os aplicativos auxiliam a fazer uma série de coisas, seja dirigir no trânsito, fazer pagamentos ou saber a cotação do dólar", reforça o analista sênior de telecom da IDC Brasil, Samuel Rodrigues.

Não à toa, centenas de startups voltadas a serviços acessados via celular despontaram nos últimos anos. É o caso da brasileira Easy Taxi, que lançou seu aplicativo para localizar motoristas de táxi em 2011 e ultrapassou no último dezembro a marca de R$ 1 bilhão de transações por ano, presente em 33 países.

O mercado corporativo também é visto como estratégico nessa nova relação do usuário com a internet. "Esse cenário tem dois lados. Quanto mais pessoas físicas usam aplicativos e serviços de certa empresa, mais essa empresa precisa estar preparada, requerendo um data center, precisando de conectividade, de infraestrutura. Um exemplo disso são os bancos, setor que devido aos acessos via celular trouxe oportunidades para oferecermos serviços de segurança também", relata o diretor de Negócios B2B da Oi, Maurício Vergani.

Número de aparelhos com conexão 4G chega a 5 milhões

A quarta geração da banda larga móvel (4G) ainda responde por uma fatia pequena dos acessos pelo celular, mas tem crescido rapidamente. O último balanço da Associação Brasileira de Telecomunições (Telebrasil) mostra que o 4G contava com 5 milhões de acessos em outubro do ano passado. Um ano e meio antes eram 1,3 milhão, conforme a Anatel.

O acesso ao 4G é comprometido pela cobertura reduzida – no país, apenas 147 municípios têm acesso ao serviço –, mas, por outro lado, também tem a seu favor o barateamento dos dispositivos com a tecnologia. Um dos celulares mais populares do país, o Moto G, por exemplo, tem uma versão com 4G que sai por R$ 750.

A expansão da banda larga móvel, seja na terceira ou quarta geração, contrasta com o avanço tímido da banda larga fixa, que contava no fim do ano passado com 23,8 milhões de acessos, número 7% maior do que o registrado em 2013 – na banda larga móvel, o avanço foi de 62%, na mesma base de comparação.

O governo brasileiro tem esperanças de tentar equilibrar a balança. A intenção é lançar este ano um novo plano para universalização da banda larga por meio de redes de fibra ótica. Os investimentos previstos, apesar de não haver ainda previsão orçamentária para o projeto, giram em torno de R$ 50 bilhões ao longo dos próximos quatro anos.

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