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O crescimento do negócio de armazenamento em nuvem ajudou a Microsoft a reassumir o posto de maior empresa do mundo, com um valor de mercado de mais de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 3,7 trilhões). Depois da divulgação do desempenho do último trimestre, cada ação da Microsoft passou a valer nesta sexta-feira (19) US$ 140,67. A empresa de Bill Gates destronou a liderança da Apple que, por sua vez, havia roubado o posto da Amazon em fevereiro deste ano.

A Microsoft projeta ganhos de “dois dígitos” em vendas e receitas operacionais para os próximos 12 meses. Os resultados estão sendo impulsionados por um boom de negócios da Azure, braço da companhia para armazenamento em nuvem, e por um inesperado aumento das vendas de programas Office. A CFO da companhia, Amy Hood, disse que a Microsoft irá aumentar as despesas operacionais de 11% para 12% no próximo ano fiscal; também pretende ampliar os investimentos na construção de novos data-centers.

Fortalecer o serviço de armazenamento em nuvem tem sido prioridade da CEO Satya Nadella, que busca diminuir a distância para a líder Amazon. Com cada vez mais clientes transferindo seus arquivos e processos para serviços remotos, a empresa tem aproveitado para vender um “pacote” de armazenamento da Azure com produtos Microsoft 365, Windows 10 e programas de segurança.

“Tudo tem ido muito bem para eles”, avalia Sid Parakh, gestor de portifólio da Becker Capital Management. “A Microsoft é a campeã estrutural do momento, já que mais e mais companhias estão migrando para o serviço em nuvem, e a Amazon e a Microsoft levam a maior parte desses contratos”, completa.

No trimestre, a receita da empresa com base em Redmond, Washington, cresceu 12% e chegou a US$ 33,7 bilhões, contra uma projeção inicial de US$ 32,8 bilhões. O lucro líquido foi de US$ 13,2 bilhões, chegando a US$ 1,71 por ação.

As ações se valorizaram devido ao otimismo com o negócio de armazenamento em nuvem da Microsoft, já que muitos investidores veem a empresa como um “porto seguro” em meio ao aperto regulatório de autoridades reguladoras americanas e europeias para com as grandes empresas de tecnologia.

No último trimestre, a receita com armazenamento em nuvem – medida pelas vendas da Azure, de versões online de software Office e de alguns produtos menores – cresceu 39% em relação ao mesmo período de um ano atrás, alcançando US$ 11 bilhões. As margens de lucro do negócio se expandiram 6 pontos e bateram em 65%.

As vendas do pacote Office 365 para o meio corporativo saltaram 31%. Já as vendas da Azure aumentaram 64%, contra 73% e 76% nos dois trimestres imediatamente anteriores, respectivamente. Esta desaceleração poderia causar alguma preocupação – já que a receita da Azure mais que dobrou em apenas dois anos – mas o incremento na margem de lucro das operações em nuvem ajudou a afastar qualquer mau-humor. E Amy Hood disse que essas margens continuarão a se expandir no próximo ano fiscal.

Desde o fechamento do trimestre, a Microsoft já assinou contrato de terceirização do armazenamento em nuvem com a Providence St. Joseph Health e com o ServiceNow – empresas que vão entregar os serviços para clientes do governo. É a primeira vez que a companhia terceiriza serviços de data-centers.

A nuvem global

Em nível mundial, as vendas relacionadas ao armazenamento em nuvem devem crescer 17,5% neste ano, totalizando US$ 214,3 bilhões – segundo a consultoria Gartner. No quesito infraestrutura, a Amazon e a Microsoft estão aumentando a distância para os concorrentes, apesar de a Azure continuar sendo muito menor do que o Amazon Web Services. Por outro lado, a solução Office para negócios em nuvem tem colocado a Microsoft na liderança dos produtos online.

A receita da empresa com o pacote Office – Word, Excel e PowerPoint, entre outros – cresceu 14% no trimestre, chegando a US$ 11 bilhões. Novamente, superou a expectativa de mercado, que era em torno de US$ 10,7 bilhões.

As vendas da divisão de inteligência em nuvem, composta pela Azure e por softwares de servidores, aumentaram 19% e atingiram US$ 11,4 bilhões. É o primeiro trimestre em que esta unidade responde pelo maior faturamento da empresa.

Outra divisão, de computadores pessoais, que inclui os softwares Windows, Surface e produtos do jogo Xbox, teve aumento de receita de 4%, alcançando US$ 11,3 bilhões.

As encomendas globais de computadores pessoais aumentaram 1,5% no trimestre findo em junho, segundo a Gartner, alimentadas pela necessidade das empresas de fazer upgrade no sistema operacional Windows. Os serviços de suporte para o Windows 7 terminam em janeiro de 2020, o que força as companhias a migrar para o Windows 10. A expiração do prazo do software antigo também ajuda a incrementar as vendas do pacote Microsoft 365, visto que a empresa aproveita o momento para convencer os consumidores a fazer assinaturas de serviços pela internet, em vez de comprar licenças únicas.

As vendas de Windows para fabricantes de computadores pessoais no trimestre tiveram desempenho melhor do que o esperado, crescendo 9% no geral e até 18% em itens para edição profissional. Para o diretor de relacionamentos com investidores da Microsoft, Mike Spencer, o desempenho se explica, também, pelo fato de os fabricantes de computadores estarem estocando produtos, antecipando-se à imposição de tarifas na guerra comercial entre EUA e a China. Fora isso, disse ele, a Microsoft não tem sentido nenhum impacto significativo em função da “trade war”.

A Microsoft ainda tirou vantagem de benefícios fiscais no valor de US$ 2,6 bilhões, após mover seus direitos de propriedade intelectual para território americano, em cumprimento a uma lei aprovada em 2017. Trata-se de um ganho temporário, que não deverá aparecer nos próximos trimestres, quando a empresa terá que pagar alíquotas maiores de impostos.

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