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Um dia após a divulgação, pelo governo federal, do pacote com medidas para aplacar a crise agrícola, em alguns estados os produtores rurais mantiveram as manifestações feitas para sensibilizar as autoridades. No Paraná houve bloqueio de rodovias e fechamento de três agências do Banco do Brasil. Em Goiás, produtores de 38 municípios decidiram manter máquinas nas estradas.

O governo federal, por sua vez, deve propor novas medidas para conter a crise no campo. A liberação de R$ 60 bilhões em créditos e a concessão de maior prazo para o pagamento de dívidas foi o terceiro pacote de ajuda ao setor rural só neste ano. Mas o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, afirmou ontem que o governo trabalha para anunciar, em breve, outras definições – desta vez na área de logística. Ainda assim, o secretário descartou novas renegociações de dívida e deu a entender que não haverá mudança na carga tributária.

Wedekin não quis adiantar as medidas de infra-estrutura a serem adotadas, mas disse que elas reduzirão os custos de produção da atividade agrícola. Ao comentar a reação negativa de parte dos produtores ao pacote, o secretário disse que as ações vão resolver de 85% a 90% dos problemas dos agricultores. "É óbvio que continuarão existindo problemas, principalmente para aqueles que tiveram mais dificuldades ou talvez para aqueles que deram um passo maior que as próprias pernas", afirmou.

O secretário não acredita que as previsões da iniciativa privada de queda de 30% na área cultivada na safra 2006/07 vão se confirmar. O governo trabalha com a possibilidade de queda de 3% a 4%.

Trégua

No Rio Grande do Sul, Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) do estado decidiu suspender as manifestações, após avaliação favorável das medidas emergenciais e estruturais divulgadas ontem para o setor. "O pacote tem muitos pontos positivos e ameniza bastante a situação dos agricultores familiares", disse o diretor tesoureiro da entidade, Amauri Miotto.

No Paraná, agricultores da região de Campo Mourão também optaram, em assembléia, por uma trégua nos protestos até a reunião do sindicato rural com a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), na próxima segunda-feira, quando será avaliado o plano apresentado pelo governo. "Caso o pacote seja aceito, voltamos ao campo trabalhar. Mas, se o pacote for considerado ineficiente, os agricultores de Campo Mourão vão continuar fazendo pressão", explicou o agricultor Getúlio Ferrari Junior. Se a avaliação do pacote for negativa, os produtores prometem fechar todas as agências bancárias e unidades de créditos da região, de indústrias de exportações de agronegócios, de distribuidoras de óleo diesel, e negociar junto ao sindicato dos caminhoneiros para adesão ao protesto.

O sindicato rural de Guarapuava, na região central, divulgou nota afirmando que "o problema não foi solucionado (com o pacote), apenas postergado". O sindicato não informou, no entanto, se vai manter as manifestações.

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