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Alckmin anuncio ministro fazenda
Além do anúncio do futuro ministro da Fazenda, Geraldo Alckmin afirma que país terá ajuste fiscal ao longo do próximo governo.| Foto: reprodução/Fórum Esfera Brasil

Após mais uma semana de grande apreensão no mercado por conta da falta de nomes concretos para compor a futura equipe econômica do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) disse que a escolha de um ministro da Fazenda “está perto” e que “quem apostar em irresponsabilidade fiscal vai errar”. As falas foram feitas durante participação no seminário Esfera Brasil 2023-2026, que reuniu empresários, autoridades e especialistas para discutir a economia brasileira, na manhã deste sábado (26).

Alckmin foi questionado diversas vezes sobre a demora para apontar quem serão os integrantes da futura equipe econômica e as diferentes visões de mercado dos que já estão na equipe de transição, como Pérsio Arida, André Lara Rezende, Nelson Barbosa, Guilherme Mello e Fernando Haddad (PT). O ex-candidato ao governo do estado de São Paulo representou Lula no almoço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) na sexta (25), e é cotado para ocupar o cargo de ministro da Fazenda em uma dobradinha com Arida.

“Cada coisa vem a seu tempo, vamos aguardar um pouquinho. O foco do presidente Lula é o Brasil crescer, atrair investimento, ter renda e melhorar a vida das pessoas. Como eu sei que há uma preocupação fiscal, já quero dizer que quem apostar em irresponsabilidade fiscal vai errar”, disse o vice-presidente eleito que, logo depois, reiterou que a palavra final das decisões será sempre de Lula.

A fala de Alckmin foi emendada por uma crítica velada de André Esteves, do banco BTG Pactual, à afirmação recente de Lula de que a volatilidade do mercado com aumento do dólar e queda da bolsa se dão por conta “dos especuladores”. “O mercado nada mais é do que a sociedade se expressando através dos preços de ativos financeiros, e não um grupo de seis pessoas em uma sala”, afirmou.

O que foi logo rebatido pelo vice-presidente eleito, que diz não ver como incompatível “ter responsabilidade fiscal com avanços de natureza social. Esse é o grande desafio, de como a gente cresce, atrai investimento, e, de outro lado, procura melhorar a vida dos que sofrem mais”, disse.

Para isso, afirmou que os economistas da equipe de transição estudam o que é possível fazer para contemplar investimentos sociais nas áreas de educação e saúde com os incentivos necessários para deslanchar a economia brasileira mesmo frente a um cenário internacional de desaceleração do crescimento. E comparou o potencial do Brasil com a Índia, que deve encerrar o ano com um crescimento do PIB de 8,7% segundo o Banco Mundial.

Ajuste fiscal e reformas

Durante a participação no seminário, Alckmin foi questionado sobre a necessidade de conseguir equalizar os gastos sociais pretendidos e investimentos na economia no orçamento da União, além das reformas que já foram feitas, como trabalhista e previdenciária, e outras necessárias, como a tributária. Ele afirmou que haverá um ajuste fiscal ao longo dos quatro anos de governo.

“Não tem uma bala de prata, [é] um conjunto de reformas e até micro-reformas, pequenas reformas, que no seu conjunto vão fazer a diferença. Nada como um dia depois do outro, há muita ansiedade e eu não tenho dúvida de que as coisas terão um rumo muito positivo pro nosso país”, disse.

O vice-presidente eleito disse aos outros participantes do painel, como o empresário Abílio Diniz, do Grupo Carrefour, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e Bruno Dantas, presidente em exercício do Tribunal de Contas da União (TCU), que nenhuma das reformas feitas até agora será desfeita.

“Não há reformas a serem desfeitas. A reforma trabalhista é importante, não vai voltar o imposto sindical e não vai voltar o legislado sobre o acordado. Agora, nós estamos frente a uma questão de plataformas digitais, que precisam ser verificadas”, citando a falta de qualidade de vida a trabalhadores como, por exemplo, entregadores de delivery.

Alckmin também afirmou que pretende incentivar uma maior participação da sociedade nas decisões do governo, com a realização de assembleias que indiquem quais as demandas da população.

Governo terá de mostrar trabalho para baixar a tensão social

Logo após dar a garantia de que as reformas já feitas não serão revogadas, Alckmin foi provocado por Abílio Diniz sobre a polarização que ainda existe na sociedade por conta da disputa eleitoral entre Lula e Jair Bolsonaro (PL). Ele citou que o novo governo precisa “fazer o país crescer, gerar empregos com crescimento, distribuir renda e fazer inclusão. Isso precisa ser feito para poder baixar a tensão social, e o povo tem que sentir que isso está acontecendo”.

“Não adianta, a retórica não vai resolver”, disparou.

Alckmin não comentou a afirmação, mas disse que as medidas econômicas que serão tomadas ao longo dos quatro anos de governo vão suprir as demandas da sociedade. "Eu não vou gastar mais do que arrecado. Então, preciso cortar gastos. Vou cortar do salário mínimo? Vou fazer ajuste em cima de 71% dos aposentados e pensionistas do Brasil, que têm que viver com R$ 1.212, idoso, mulher idosa, doentes sem casa própria", questionou.

E finalizou afirmando que "governar é escolher, tem muitas formas de fazer ajustes, porque ele é necessário para o Brasil crescer, mas com um olhar social, a felicidade das pessoas".

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