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Haruhiko Kuroda, presidente do  banco central japonês, minimizou riscos apontados por Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu. | Goh Chai Hin/AFP
Haruhiko Kuroda, presidente do banco central japonês, minimizou riscos apontados por Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu.| Foto: Goh Chai Hin/AFP

O presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, declarou neste sábado que ameaças à independência de bancos centrais têm emergido como um risco significativo à economia global. Draghi participou do encontro do IMFC, o Comitê Monetário e Financeiro Internacional do FMI, em Bali, na Indonésia.

A repórteres presentes no evento, ele manifestou preocupação com a possibilidade de riscos geopolíticos levarem a um retorno abrupto das altas taxas de juros. Draghi citou três fatores considerados ameaças aos principais “pilares” da economia internacional: tensões comerciais, ameaças às regras sobre as quais a União Europeia foi construída e uma “disposição de discutir a independência dos bancos centrais”.

As declarações de Draghi ocorrem na semana em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou repetidamente o Federal Reserve, o Banco Central do país. Após as ações nas bolsas dos EUA terem registrado a maior queda em mais de sete meses, Trump afirmou que o Fed havia “enlouquecido” e estava cometendo um erro ao elevar as taxas de juros no país.

Draghi declarou, ainda, que os riscos geopolíticos poderiam levar a uma “acentuada reprecificação de ativos” na zona do euro, assim como um “agudo e repentino aumento das taxas de juros”, que desacelerariam a economia por meio do maior custos dos empréstimos.

O presidente do BC europeu destacou que é possível observar, em reportagens da imprensa, que executivos têm feito pedidos a bancos centrais, “o que não é exatamente a forma de respeitar a independência do banco central”. Draghi não mencionou o Fed ou Trump diretamente, mas observou que há outros países onde a questão também gera preocupação, como a Turquia, e disse que ele estaria expressando “um senso geral dos riscos na esfera geopolítica”, não direcionado apenas a um país.

“Atrás da curva”

Também presente no encontro do IMFC, o vice-presidente do Fed Randal Quarles afirmou que “não será do interesse de ninguém no mundo que o Fed fique atrás da curva moderando o que considera o curso correto da política doméstica nos Estados Unidos”. Quarles afirmou que a instituição considera em suas políticas o efeito que elas terão sobre os demais países, incluindo os mercados emergentes. Em setembro, o Fed elevou a taxa de juros para a faixa de 2% a 2,25% e autoridades da instituição sinalizaram que continuarão aumentando a taxa ao longo de 2019.

Quarles disse também que o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), que monitora e faz recomendações sobre o sistema financeiro global, poderia ser mais metódico na avaliação de riscos futuros. O órgão poderia ser mais eficiente, na avaliação dele, se focasse em três áreas: riscos potenciais, respostas regulatórias a vulnerabilidades e avaliação de regras em vigor.

Japão

O presidente do Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda, minimizou o risco de uma piora significativa nas condições financeiras em todo o mundo em razão dos principais bancos centrais estarem em diferentes momentos de desaceleração de seus programas de estímulo surgidos durante um período de crise econômica. Segundo ele, essa falta de sincronismo significa que o impacto nas condições financeiras em todo o mundo pode não ser tão dramático.

Kuroda reafirmou o compromisso do BoJ de manter a política monetária até que a inflação do país alcance 2%. Juros maiores nos EUA, dólar forte e as recentes turbulências nas economias da Turquia e da Argentina têm penalizado os mercados emergentes neste ano, entretanto, acrescentou o presidente do BoJ, os países asiáticos parecem “bem preparados”.

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