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O aumento do preço do gás natural da Bolívia terá um limite, garantiu nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Para ele, a limitação de preços "ficou, de alguma maneira, consignado na própria nota que os presidentes assinaram" em Puerto Iguazú, na Argentina. Porém, o chanceler deixou claro que a negociação de preço será feita entre a Petrobras e a estatal boliviana YPFB.

- Mas é óbvio que há um limite que é o da viabilidade dos negócios. Se você aumentar o preço do gás a partir de um certo nível, passa a ser mais interessante usar óleo combustível, ou dependendo da atividade, usar gás liqüefeito de petróleo (GLP) - disse.

Para Amorim, a reunião dos presidentes e a conversa de Lula com o presidente da Bolívia, Evo Morales, "abriu uma perspectiva para a negociação e para o diálogo".

Ao ser perguntado se houve erro de avaliação sobre as atitudes do governo boliviano, o ministro afirmou que o governo sabia que a Bolívia iria nacionalizar suas reservas petrolíferas, mas não tinha informações de quando aconteceria ou como seria feita. Segundo Amorim, as avaliações se baseavam em várias hipóteses.

- Que a nacionalização ia ocorrer já sabíamos porque fazia parte de uma lei aprovada há um ano. Agora, se ia ser no 1º de maio, falavam que seria na Semana Santa, não foi. Se ia envolver controle das empresas, são questões que poderiam ser deduzidas. Tudo sempre tem elementos novos. Elementos surpresa.

Celso Amorim rechaçou as críticas feitas contra a política externa brasileira. Ele disse que a política externa do presidente Lula é baseada numa orientação que visa à integração sul-americana. Para ele, essa política externa pode facilitar o encontro de uma solução para o problema com a Bolívia.

- Vamos defender sim os interesses da Petrobras, nós vamos defender sim o interesse do consumidor brasileiro, e nós vamos defender sim os interesses do abastecimento no Brasil. Agora, temos que fazer isso sem necessariamente usar de estridência que só contribui para agravar a relação do Brasil com a Bolívia, para dificultar uma solução para o problema e para quem sabe até contribuir para uma radicalização da própria Bolívia. Não é esse o nosso interesse - ressaltou.

Ele disse que o governo não está "jogando para a platéia". E visivelmente irritado, o ministro afirmou aos jornalistas:

- Posso fazer a pergunta a você? O que você quer que eu faça, que eu invada a Bolívia e obrigue a eles a botarem no poço o preço que eu desejo. Eu acho que esse não é o nosso método. O que está implícito nessa pergunta é algo como se estivesse em nosso poder evitar ou dizer que não ocorra. A Bolívia é sim um país soberano. A Bolívia pode sim tomar decisões soberanas.

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