O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse na quinta-feira que é praticamente certa a realização neste mês de uma nova reunião ministerial sobre a Rodada de Doha, a qual poderá produzir resultados se existir vontade política.
"Eu acho praticamente certa (a reunião)", afirmou Amorim à Reuters sobre a expectativa de que o secretário-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, convoque uma reunião de ministros já na próxima semana.
"Tem havido alguns avanços, teve o que chamam 'lateral thinking' (pensamento lateral). Têm incógnitas, mas nada que não seja administrável com vontade política", acrescentou.
O Brasil tem papel importante nas negociações, tentando forjar uma frente comum dos países em desenvolvimento reunidos sob o chamado G20.
Tentativas anteriores de concluir o acordo, que exige consenso entre os 153 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), esbarraram na resistência de muitos países em expor agricultores e industriais a mais concorrência.
Em julho, quando um acordo parecia viável, uma discordância entre Índia e EUA a respeito de salvaguardas para pequenos agricultores contra surtos de importações levou a uma nova suspensão do processo.
Amorim disse que os negociadores já exploraram outros possíveis caminhos que podem levar a uma solução sobre tais salvaguardas.
A respeito das preocupações de que o futuro governo dos EUA pode não apoiar um acordo comercial que seja definido agora, Amorim afirmou que a aprovação seria do interesse do presidente eleito Barack Obama. "É um sinal poderoso num momento de crise, e ele não tem de fazer concessão alguma", afirmou. "Ele ainda está acima dos lobbies, pode conseguir."
Poucos dias depois de o Brasil anunciar um processo na OMC contra uma tarifa antiduping dos EUA sobre o suco de laranja, Amorim afirmou que o governo também cogita algo semelhante em relação às tarifas norte-americanas sobre o etanol. "Estamos estudando."
O Brasil é o segundo maior produtor de etanol e o maior exportador do produto. Atualmente, o país paga 0,14 dólar de imposto sobre cada litro de etanol de cana exportado para os EUA, que são o maior produtor mundial desse biocombustíveis, a partir do milho.
A conclusão da Rodada de Doha, segundo Amorim, poderia ajudar a resolver disputas como essas. "Com um acordo satisfatório, para que a gente vai brigar?"
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