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Frederico Tizzot, na Arte & Letras: crescimento de 20% ao ano nas vendas | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Frederico Tizzot, na Arte & Letras: crescimento de 20% ao ano nas vendas| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Competição

Livreiros não veem e-books como ameaça para lojas físicas

Considerado uma ameaça à sobrevivência do livro de papel, o e-book ainda tem porcentual muito pequeno de participação sobre o faturamento das empresas. Segundo a ANL, em 2012 apenas 27% das livrarias vendiam conteúdo digital. Outros 54% pretendiam começar – a maioria em no máximo três anos. O número de lojas que vendem pela internet continua igual ao de 2009: 43%. A maioria (84%) dos que o fazem são redes com cinco ou mais lojas. Mas 71% das empresas afirmam que o faturamento com vendas virtuais não representa mais do que 10% do total. Um porém: segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o faturamento das livrarias em 2012 se manteve em alta devido boa parte em aumento de preços – as vendas em si caíram 7,36% no período.

Para usar uma figura de linguagem, pode-se dizer que o mercado do livro vive um paradoxo no Brasil. Um exemplo: o grupo Livrarias Curitiba acredita que conseguirá faturar mais em 2014 do que em 2013, quando somou 10% mais vendas do que no ano anterior (ou seja, 5,7 milhões de livros). A rede paranaense, porém, faz parte de um universo privilegiado do mercado de livrarias – o dos gigantes. Segundo pesquisa divulgada recentemente pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), 62% das empresas do país têm apenas uma loja, situação que leva o negócio a ter dois cenários. Enquanto as redes comemoram recordes de vendas dos best sellers da vez, os pequenos negócios que permanecem no mercado buscam segmentação, uma vez que a competição por preços mais baixos é acirrada demais para eles.

INFOGRÁFICO: Confira as capitais que mais perderam lojas físicas

Isso tem feito crescer o número de livrarias pequenas com focos específicos, como livros técnicos e religiosos. A ANL levantou que 61% das livrarias se afirmaram especializadas em algum assunto em 2012. E é considerando o peso deste universo que o prognóstico para o mercado do livro parece ruim: o percentual de participação do item no faturamento das associadas à ANL caiu de 81% em 2009 para 48% em 2012. "As livrarias independentes sofrem com a concentração de mercado", afirma Francisco Ednilson Xavier Gomes, presidente da ANL.

O resultado: se não se pode vencê-los, junte-se a eles. O porcentual de livrarias com mais de cem lojas no país cresceu de 6% para 15% entre 2009 e 2012. Isso se reflete na redução no número de livrarias no país – perto 12% de 2011 a 2012. Das 26 capitais, 20 tiveram decréscimo no número de livrarias entre dezembro de 2011 e outubro de 2013. Em Curitiba, o número se manteve estável, mas o mercado da cidade poderia ser muito maior. No bolo das capitais com mais de 1,4 milhão de moradores, a paranaense fica atrás de Porto Alegre, Fortaleza, Rio de Janeiro e Recife na proporção entre habitantes e livrarias.

Oferecer obras que não estão nas grandes livrarias tem sido a principal estratégia dos pequenos negócios. É o caso da livraria Arte & Letras, aberta há oito anos em Curitiba pela editora de mesmo nome. A livraria é especializada em literatura de ficção. A intenção da Arte & Letras é fazer um apanhado de obras que não estão nas redes, afirma Frederico Tizzot, um dos donos da livraria. Com esse modelo, e uma recente mudança de endereço, a Arte & Letras conseguiu vir aumentando as vendas cerca de 20% ao ano. Mas a previsão é de que o índice caia em 2014 para algo em torno de 15%.

Rede cristã busca expansão

O grupo de livrarias curitibano Luz e Vida, especializado em literatura cristã, tem planos para abrir em 2014 mais uma loja em Caruaru (PE) e outra em Curitiba. Assim, o grupo de quase 60 anos – responsável pelo personagem Smilinguido, presente em papelaria, vídeos e quadrinhos– chegará a dez lojas, boa parte delas aberta nos últimos dez anos. A mais recente foi inaugurada em novembro, em Curitiba, no Shopping Palladium. As vendas têm crescido também: de 2012 para 2013, o grupo teve aumento de 50% no faturamento, segundo o superintendente, Samuel Eberle dos Santos. Mas as lojas mais lucrativas do grupo não estão no Paraná. "Temos duas livrarias que se destacam: a de Recife e a de Porto Alegre", diz Santos.

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