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Reajuste de 10% encerra greve de Toyota e Honda

Folhapress

Campinas e São Paulo - Depois de um dia de greve, funcionários da Toyota, em Indaia­­tuba, e da Honda, em Sumaré, retomaram ontem o trabalho após aceitarem a proposta das duas montadoras de reajuste salarial de 10%, o maior negociado no setor.

O reajuste de 10% inclui 4,4% para repor a inflação acumulada nos últimos 12 meses e 5,35% de aumento real. A negociação foi feita diretamente entre sindicalistas e a direção da Toyota e da Honda.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, ligado à Intersindical (organização que reúne um grupo de sindicatos dissidentes da CUT), havia pedido 14,65% de reajuste. As montadoras ofereceram 6,53% – índice que foi aceito na semana passada por metalúrgicos do ABC e de outras regiões de São Paulo, como Taubaté e São Car­­los. Nessas localidades, entretanto, os trabalhadores receberão também abono de R$ 1.500.

O índice de 6,53% foi proposto pela Sinfavea (sindicato das montadoras) – e inclui 4,4% de reajuste e 2% de aumento real.

A Toyota e a Honda não quiseram se manifestar sobre o que as levou a aumentar o índice para 10%. Para o sindicato da categoria em Campinas, a elevação das vendas neste ano justifica o acordo.

"A aceitação dos 10% por parte da Toyota e da Honda mostrou que os sindicatos que aceitaram proposta inferior a esta estavam equivocados", diz Jair dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas.

GM

Os trabalhadores da General Motors, em São José dos Campos (SP), que pararam por 24 horas na segunda-feira, voltaram a trabalhar na manhã de ontem. A em­­presa, porém, acionou o Tri­­bunal Regional de Trabalho de Campi­­nas após a paralisação. Uma audiência de conciliação entre a GM e o Sindicato dos Me­­talúrgicos de São José dos Cam­­pos foi marcada para ontem mesmo, mas terminou em im­­passe. Segundo o sindicato, o resultado da audiência irá determinar os próximos passos da mobilização. Eles pedem redução de jornada para 36 horas semanais e estabilidade de dois anos no emprego, além de 14,65% de reajuste salarial.

Na manhã de ontem, os funcionários da fábrica de caminhões Volvo engrossaram a massa de trabalhadores parados na região metropolitana de Curitiba. Somados à Renault e à Volkswagen, agora são 11,1 mil empregados diretos das três montadoras de veículos em greve por reajuste salarial.

Os dez dias de braços cruzados na Volks somados aos oito da Renault já resultam em 14,3 mil automóveis a menos sendo produzidos, enquanto a Volvo ontem deixou de fabricar 50 caminhões, 50 cabines e 40 motores. Isso significa uma perda de aproximadamente 40% da produção mensal, justamente quando as empresas estariam no sprint dos últimos dias de IPI reduzido, que volta a subir em 1º de outubro.

As negociações dos trabalhadores, intermediadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), permanecem rejeitando as propostas patronais, que oferecem 2% de aumento real mais a reposição inflacionária (4,44% do INPC) e um abono de R$ 2 mil.

Apesar de analistas do setor automotivo avaliarem que a indústria de veículos ainda detém boa saúde financeira, reflexo de anos seguidos de resultados positivos, dados estaduais mostram que o ritmo das montadoras do Paraná ainda está bastante inferior ao que se teve em 2008 (veja matéria ao lado).

Segundo dados do Depar­tamento Intersindical de Esta­tísticas e Estudos Socioeco­nô­micos (Dieese), nos últimos quatro anos os metalúrgicos tiveram aumento real médio de 3,28%. De acordo com o economista do Dieese Cid Cordeiro, a oferta de 2% representa pouco frente às últimas negociações. "Os salários médios do setor em Curitiba continuem 50% inferiores aos dos metalúrgicos do ABC Paulista", avalia.

Os empresários, por outro lado, argumentam que os impactos da crise derrubaram o setor – dados da Anfavea apontam que a produção de automóveis acumulada entre janeiro e agosto está 8,5% inferior ao mesmo período do ano passado.

Analistas do mercado automotivo avaliam, no entanto, que as montadoras no Brasil não passam por problemas de saúde financeira. O consultor do setor automotivo e diretor da Trevisan Consultoria Olivier Girard avalia que o fechamento da produção de dezembro repetirá os resultados de 2008, que foi um ano muito bom para o setor. "Se houver queda, será muito ligeira. É verdade que nesse ano houve uma diminuição violenta nas exportações, mas o mercado interno teve boa reação com a diminuição do IPI. Um praticamente anulou o outro. A saúde financeira das empresas no Brasil está boa, bem diferente das nos Estados Unidos", diz.

A análise da consultoria CSM Worldwide é ainda mais ousada: em nível nacional, ela estima ao fim do ano um volume de vendas 9% superior ao que se teve em 2008, com produção praticamente estabilizada (menos 0,8%).

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