• Carregando...

A queda livre do dólar para 1,95 real em poucas sessões está levando grandes bancos a reduzir as projeções para a cotação de fechamento do ano. A perspectiva é de que fortes ingressos manterão a moeda norte-americana perto ou abaixo de 2 reais em dezembro.

Somente entre segunda e quinta-feira, o dólar caiu 3,32 por cento, para 1,952 real. Trata-se da menor cotação desde janeiro de 2001 e de uma surpresa para economistas que não esperavam uma queda tão rápida.

"Tínhamos feito uma revisão há três semanas para 1,95 real (no fim do ano), esperando que o câmbio ficasse um pouco acima de 2 reais por um pouco mais de tempo, e fomos surpreendidos com a velocidade", afirmou um funcionário do departamento econômico do Bradesco, que pediu para não ser citado.

O Bradesco mantém a expectativa de que o dólar encerre 2007 a 1,95 real, mas a equipe trabalha com a hipótese de uma cotação mais baixa.

O banco ING reduziu na quinta-feira sua projeção para o dólar de encerramento do ano, de 2 reais para 1,85 real, aproveitando o rompimento da marca psicológica.

"Os fluxos via investimento estrangeiro, para ações e renda fixa, se aproximam de novas máximas, ao mesmo tempo em que os fluxos comerciais se mantêm elevados", justificou o ING em relatório.

Outro que projeta 1,85 real para o dólar em dezembro é o Morgan Stanley. O banco de investimentos revisou as estimativas ainda na semana passada, prevendo uma queda para menos de 2 reais no curto prazo mesmo com as atuações do Banco Central.

"Uma forte moeda deve produzir inflação mais baixa e dar espaço para mais cortes nos juros", acrescentou o Morgan.

Copom decisivo

A visão de que a queda do dólar dá espaço para uma redução maior da Selic é compartilhada por outros analistas, que acreditam que essa seria uma maneira mais eficaz de conter a valorização do câmbio.

O Unibanco mantém estimativa de 2,10 reais para o dólar no fim do ano enquanto aguarda a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 5 e 6 de junho, para avaliar mudanças na projeção.

"A gente está com previsão de (corte) de 50 pontos-básicos desde a publicação da ata, mas precisa esperar para ver se haverá alguma mudança na condução da política de juros", explicou Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco.

O BNP Paribas também projeta dólar a 2,10 reais no fim do ano, levando em conta um cenário em que o juro sofre cortes maiores.

"A gente acha que agora o 1,95 (real) vai permitir que o Banco Central seja mais agressivo no processo de afrouxamento monetário", disse Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas no Brasil. "Como acho que o BC vai dar uma acelerada nos cortes do juro, o espaço para o real se apreciar fica mais limitado."

Lintz acrescentou que o ambiente de ampla liquidez deve ficar menos favorável nos próximos meses, uma vez que bancos centrais mundiais se preparam para elevar os juros. O BNP acredita que o impulso para o dólar virá a partir do terceiro trimestre. Até lá, a moeda deve ficar perto de 1,95 real.

O Deutsche Bank vê o dólar a 1,90 real no fim de 2007, enquanto o JP Morgan estima 1,90 real no curto prazo e coloca o câmbio a 2,10 reais no fim do ano.

Drausio Giacomelli, responsável pela estratégia de mercados locais no JP Morgan em Nova York, alertou que cortes mais fortes do juro para segurar o câmbio podem ter efeito contrário. "Provavelmente, se você aumentar o ritmo de corte, a Bovespa vai ganhar. Vai ser o oba-oba... o investidor vai falar assim 'é agora que eu quero entrar' no país."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]