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Um acordo entre a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e a Bunge abriu a possibilidade de ser embarcada soja transgênica no porto paranaense. O terminal usado pela multinacional norte-americana em Paranaguá foi designado no início da noite de segunda-feira pela Appa para movimentar os grãos geneticamente modificados. A medida, porém, desagradou as outras empresas instaladas no porto paranaense. Elas dizem que essa alteração não atende à liminar que determina o embarque do produto.

Uma ordem de serviço emitida ontem pela Appa detalha os critérios para a movimentação de soja transgênica no porto. O documento estabelece critérios rígidos de segregação dos grãos e indica um único berço – espaço no cais onde os navios atracam – para o embarque. O local é usado pelo terminal da Bunge.

De acordo com o diretor corporativo de comunicação da Bunge, Adalgiso Teles, a multinacional foi consultada pela Appa no fim da tarde de segunda-feira. Pelo acordo fechado mais tarde, a operação do terminal será alterada. "Ele deixa de ser exclusivo da Bunge e passa a funcionar como uma área pública", explica. A Appa passa a indicar quais cargas serão descarregadas no armazém da multinacional.

"Nosso terminal foi escolhido porque é isolado", diz Teles. A estrutura era usada pela multinacional para embarcar soja, açúcar e algodão, cargas que serão escoadas em outras áreas. Ontem, o armazém da Bunge já estava à disposição de cargas transgênicas, mas não houve demanda pelo serviço.

Para os outros terminais privados que operam em Paranaguá, a medida não cumpre a liminar concedida pela Justiça Federal de Paranaguá e mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão judicial determina que a Appa deixe de proibir o embarque de soja transgênica pelo porto.

"A liminar foi obtida por todos os terminais e se refere a toda a estrutura portuária e não a um único berço", afirma o advogado Marcelo Teixeira, que representa na ação a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP).

Os terminais insistem que a Appa terá de abrir aos transgênicos os cinco berços que movimentam grãos. Três deles formam o corredor de exportação – uma conexão de esteiras usadas por sete armazéns privados e pelo silo público. Outro, é usado pela Soceppar. "Permitir o uso de somente um berço cria muitas dificuldades", avalia o presidente da ABTP, Wilem Mantelli.

As críticas à ordem de serviço têm dois pontos principais: os terminais privados teriam de abrir mão de usar seus próprios armazéns, onde controlam os custos, e o embarque ficaria restrito a um berço com baixa capacidade.

O berço da Bunge, chamado pelo número 206, tem profundidade aproximada de dez metros, o suficiente para que um navio receba 35 mil toneladas, a uma velocidade de 1 mil toneladas de grãos por hora. No corredor de exportação, a profundidade dos três berços é de 12 metros, o que permite o embarque de 60 mil toneladas por navio. A capacidade de movimentação é de 9 mil toneladas por hora.

"Não é viável usar o berço da Bunge para atender o volume que precisamos", diz o diretor de um terminal que preferiu não se identificar. As empresas também apontam que haverá aumento de custos com a operação terceirizada e com a menor produtividade.

O diretor de comunicação da Bunge admite que a capacidade da multinacional é menor do que no corredor, mas pondera que é preciso ver qual será a demanda. Ele nega que a operação ficará mais cara. "Praticamos os preços de mercado."

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