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André Penha, do QuintoAndar
Co-fundador e CTO do QuintoAndar, André Penha| Foto: kandrade

Após alcançar valor de mercado acima da cifra do bilhão de dólares com nova captação de investimentos, garantida neste mês de setembro, a startup de aluguel de imóveis residenciais QuintoAndar está de olho em mais de um caminho para continuar a ganhar corpo.

Outras fases de expansão (com três aportes anteriores recebidos pela empresa) já fizeram a companhia alcançar a dimensão atual. Fundada em 2013, a empresa está presente nas grandes São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis: opera em 25 cidades, concentradas nessas 8 regiões metropolitanas.

Com dinheiro novo no bolso, o tripé adensamento, internacionalização e diversificação deve apoiar o QuintoAndar a partir de agora, conforme revelou o co-fundador e CTO do unicórnio à Gazeta do Povo.

A primeira pergunta é inevitável: como será empregado esse aporte, qual é o foco do QuintoAndar?

Primeiro, continuar investindo na expansão; e quando eu digo expansão eu me refiro tanto à expansão nas cidades onde a gente já está, com o adensamento da nossa participação, quanto internacionalmente - no ano que vem, com um pouco mais de preparo. Nós estamos de olho em alguns mercados e vamos decidir, em breve, em qual a gente vai querer colocar os pés fora do Brasil.

O segundo objetivo [desse recurso] é investir mais em tecnologia com contratações de pessoal para ficar mais eficiente e avançar ao passo 3, que é avaliar a entrada em outros eventuais segmentos de mercado de imóveis. A gente ainda está estudando cautelosamente. Então, expansão é um objetivo óbvio, mas também entrar em mercados adjacentes.

O que vem sendo estudado para o mercado de imóveis?

Hoje a gente trabalha muito focado no processo de aluguel, com eficiência. O que a gente quer agora é, além de investir no processo, pensar também o seguinte: como é que a gente melhora a qualidade dos imóveis? Como é que a gente deixa o imóvel daquele proprietário mais atraente para ele locar mais depressa e melhorar também a experiência do inquilino? A partir da qualidade média dos imóveis disponíveis.

Esse é um teste que a gente tem feito já [com o Originals, segmento que funciona apenas em São Paulo], mas a gente agora vai investir um pouco mais em mostrar para o proprietário “olha, se você fizer as reformas A, B e C – e aqui estão certas condições de financiamento para essas reformas – seu apartamento aluga "x%" mais rápido”, e isso aumenta o retorno de investimento para aquele proprietário. E do lado do inquilino, a gente entrega um imóvel de melhor qualidade.

A nossa tese com isso é que pode ser que aconteça com o mercado de imóveis o que – por exemplo - 99, Uber e Lift fizeram ao mercado de automóveis. Essa geração de hoje, de pessoas da minha geração para frente, tem menos aquela preocupação de sonho da casa própria, de manter o dinheiro seguro, porque viveu menos na época de inflação, de depreciação da moeda que tinha na década de [19]80. Então, essa turma se muda mais, tem mais mobilidade: troca de emprego quer mudar de apartamento para outro mais próximo do emprego novo; tem mais dinheiro, quer algo mais sofisticado; vai ter família, quer um lugar maior, e isso é mais compatível com o aluguel do que com a venda.

Sobre a expansão internacional, para qual ponto do globo está apontada a mira do QuintoAndar?

A gente está avaliando países que tem similaridades com o Brasil, primeiro no quesito fragmentação de mercado. O Brasil tem uma característica que tem em outros países também (em muitos) que é: os imóveis são normalmente de proprietários pessoas físicas, que tem 1, 2, 5 imóveis para alugar, mas o proprietário tem aquele imóvel como economia; a profissão dele não é gerenciar os imóveis. Isso faz com que o mercado tenha várias consequências de amadorismo, porque ele [o proprietário] não tem a sofisticação necessária para deixar aquele imóvel superatraente e maximizar o retorno.

[O mercado] é diferente, por exemplo, dos Estados Unidos, onde fundos têm apartamentos e aí eles têm 50 mil imóveis para alugar e esses fundos são super profissionais e os imóveis tem alta liquidez e garantia por trás.

Tem outros países em que também acontece [uma dinâmica similar à do Brasil]; na América Latina afora, em alguns países da Ásia, alguns países mais do sul da Europa. São sobretudo países emergentes que tiveram problemas macroeconômicos no passado, aí vem México, vem Espanha talvez, África do Sul, Indonésia. Então, tem um monte de países que a gente está estudando com muito carinho para avaliar qual que vai ser o próximo passo.

São 8 regiões metropolitanas em que o QuintoAndar opera; qual a meta no país para um futuro próximo, ampliar?

O que a gente quer fazer em um futuro próximo é aumentar a presença onde a gente já atua. Por exemplo, Curitiba a gente tem só a própria capital e um pedacinho de São José dos Pinhais. Então a gente quer ter muito mais presença nas regiões metropolitanas onde a gente já funciona. Isso para nós é muito importante porque a gente consegue entregar mais valor para quem está procurando imóvel em cada lugar, para escolher qual é o melhor retorno. Melhorando a densidade em cada lugar, a qualidade do serviço percebido acaba melhorando.

A aposta é essa, inclusive fazendo parcerias com algumas imobiliárias locais. A gente fez um teste com 15 imobiliárias nas cidades onde a gente já opera, sobretudo BH, Porto Alegre, Brasília. O que acontece é que essas imobiliárias continuam atendendo os proprietários que já são clientes deles, mas oferecem a esses proprietários a alternativa QuintoAndar de pagamento sempre em dia e a gente pode oferecer aos inquilinos um número maior de imóveis.

Para quem está olhando de fora parece um pouco estranho, mas esse é só o começo: a gente entende que o mercado de imóveis é muito grande e tem muito dever de casa para ser feito. Tem muito caminho pela frente e agora que a gente tem combustível no tanque a gente vai fazer esse dever de casa árduo de melhorar qualidade, qualidade do processo, dos imóveis, é para isso que a gente levantou esse dinheiro.

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