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Notas de dólar. Foto: Pixabay
Notas de dólar. Foto: Pixabay| Foto:

O noticiário negativo derrubou a Bolsa e pressionou o dólar nesta quarta-feira (17). Na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o relator Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) pediu que a sessão fosse suspensa para alterações em seu parecer de admissibilidade sobre a reforma. Entre os caminhoneiros, persiste o clima de insatisfação após pacote de medidas anunciado pelo governo.

Mesmo depois dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), acelerarem o debate da Previdência e tentarem antecipar a votação para esta quarta, Freitas cedeu à pressão do centrão e pediu mais tempo para reanalisar o projeto.

Devem ser retirados cinco pontos da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) já na comissão: a mudança nas regras do abono salarial, no FGTS, na idade de aposentadoria compulsória de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), troca no foro para julgamento de ações contra o INSS e os dispositivos que retiram da Constituição regras de aposentadoria.

A deliberação sobre novo parecer está prevista para terça (23). Depois de aprovado na CCJ, o projeto segue para apreciação de comissão especial na Câmara. Segundo Maia, esta etapa deve começar em 7 de maio.

A desidratação da PEC no início da tramitação é vista com preocupação pelo mercado. Além dos itens retirados pelo relator, a capitalização e as mudanças no BCP e na aposentadoria rural devem ser alteradas na comissão especial.

Tais mudanças na proposta enviada pelo governo Bolsonaro podem enxugar o valor economizado aquém dos R$ 600 a R$ 700 bilhões estimados pelo mercado.

Paralisação dos caminhoneiros

Mesmo com o pacote de medidas para caminhoneiros, anunciado pelo governo na terça (16), representantes da categoria se dizem insatisfeitos e ameaçam paralisação em 21 de maio, aniversário de um ano do movimento de 2018.

Sob tensão dos investidores, o Ibovespa, maior índice acionário do país, caiu 1,11%, a 93.284 pontos.

Nesta quarta, tiveram vencimento contratos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro. Somadas ao feriado da sexta-feira (17), com o qual investidores buscam liquidar seus ativos nos pregões antecedentes, as vendas elevaram o giro financeiro para R$ 34,6 bilhões, mais que o dobro da média diária anual.

Pressões sobre dólar e ações

O dólar teve alta de 0,79%, a R$ 3,9350, maior patamar desde 27 de março, data marcada pela crise entre governo Bolsonaro e Câmara. No dia, a moeda americana bateu R$ 3,9550.

Segundo Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama:

"No começo do ano, quando a Bolsa bateu 100 mil pontos, havia a expectativa de um avanço mais rápido da reforma, com uma economia perto da prevista pelo governo [1,1 trilhão]. Se essa proposta não passa tão facilmente, as outras reformas ficam ainda mais difíceis. Aquela lua de mel que o mercado tinha no começo acabou. Agora é o dia a dia de um casamento, com altos e baixos"

Para o economista, a possibilidade de uma paralisação dos caminhoneiros e a desidratação da reforma já na CCJ são apenas a cereja do bolo de insegurança dos investidores.

No exterior, o viés foi positivo, com dados econômicos chineses melhores que o esperado pelo mercado. O país cresceu 6,4% no primeiro trimestre de 2019 e a produção industrial subiu 8,5% em março. Tais números tranquilizam os investidores quanto a uma desaceleração econômica.

"A percepção de risco quanto ao Brasil só aumenta. Com isso, as pessoas arrumam desculpas para vender. Ontem já estava claro que a votação da CCJ seria adiada, mas assim que a confirmação saiu hoje, o mercado caiu", diz Espírito Santo.

Petrobras

Depois de confirmações do governo de independência da Petrobras na formulação de preços, as ações da estatal frearam a queda. Influenciadas pelo viés negativo do mercado, as ações tiveram um leve recuo ao longo do dia, mas fecharam em alta. As preferenciais (mais negociadas) subiram 0,11%, a R$ 26,75. As ordinárias (com direito a voto) ganharam 0,09%, a R$ 30,18.

Para Espírito Santo, o mercado segue com receoso após a intervenção de Jair Bolsonaro no aumento do diesel. "O sentimento é de traição, machucou. Houve uma quebra de encanto com o perfil liberal da equipe econômica do governo", afirma.

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