Em meio ao aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou nesta quarta-feira (27) a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 1,5 ponto percentual, para 7,75% ao ano. Esta é a sexta alta consecutiva da Selic desde março, quando teve início a trajetória ascendente da taxa de juros. É também a maior alta da Selic em 19 anos, desde a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. É a maior taxa de juros desde setembro de 2017, quando estava em 8,25%.
A decisão desta quarta já era esperada pelo mercado financeiro por causa da persistente pressão inflacionária e, sobretudo, pela confirmação de que o governo vai adotar uma manobra fiscal para burlar o teto de gastos e aumentar o valor a ser pago pelo Auxílio Brasil.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou uma alteração no índice que corrige o teto de gastos que abrirá espaço no orçamento para atender à pressão do presidente Jair Bolsonaro por um benefício de R$ 400 no Auxílio Brasil. O novo programa social do governo vai substituir o Bolsa Família. A mudança foi inserida na PEC dos precatórios, que já passou por comissão especial e pode ser votada pelo plenário da Câmara.
Projeção de inflação para 2021 cresce
Nas últimas duas reuniões, o Copom havia optado por uma alta de um ponto percentual, mas desta vez o entendimento foi que a dose do remédio contra a inflação deveria ser maior. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em setembro, o IPCA fechou no maior nível para o mês desde 1994 e acumula 10,25% em 12 meses, pressionado pelo dólar, pelos combustíveis e pela alta da energia elétrica.
O valor está acima do teto da meta de inflação. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tinha fixado meta de inflação de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderia superar 5,25% neste ano nem ficar abaixo de 2,25%.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 8,5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode estar desatualizada com a possibilidade de que o teto de gastos seja alterado.
A projeção está abaixo das previsões do mercado. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 8,96%. A projeção oficial só será atualizada no próximo Relatório de Inflação, que será divulgado em dezembro. Com informações da Agência Brasil.
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