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Com a escolha, Copom sinaliza a intenção de levar a inflação à meta de 4,5% em 2017. | SM/da/SERGIO MORAES
Com a escolha, Copom sinaliza a intenção de levar a inflação à meta de 4,5% em 2017.| Foto: SM/da/SERGIO MORAES

Com um cenário de forte recessão, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, em reunião encerrada nesta quarta-feira (25).

No último comunicado, o Banco Central sinalizou que pretende atingir o centro da meta de inflação, 4,5%, em “horizonte relevante”, o que, na prática, dizem analistas, significa que esse objetivo foi adiado para 2017, retirando em parte a pressão sobre os juros para conter a inflação, que deve fechar o ano em dois dígitos.

A decisão do Copom não surpreendeu o mercado, que já previa a manutenção da taxa básica. Segundo especialistas, o BC pode estar contando com a piora na deterioração da economia para forçar para baixo a inflação.

O economista-senior do Haitong Brasil Flávio Serrano destaca que o Banco Central pondera que, da última reunião do Copom para a realizada nesta quarta, o cenário da economia pouco mudou, o que não justificaria uma mudança da taxa por enquanto.

“O Banco Central já vem sinalizando isso. Os diretores, em suas últimas falas, têm sinalizado que há uma manutenção dos elementos econômicos.” Serrano disse ainda que há expectativas por parte do mercado de que a Selic comece a cair em 2016.

Divisão entre diretores eleva chance de aumento em 2017, afirma economista

Os votos, porém, foram divididos: seis pela manutenção da Selic e dois pela elevação. Para o economista sênior do banco Haitong, Flávio Serrano, um resultado surpreendente. Segundo ele, a divisão entre os diretores eleva as chances de o Banco Central subir a Selic no próximo encontro, em janeiro.

“A decisão pegou a gente de surpresa. Esperávamos a manutenção da Selic em 14,25% hoje [quarta-feira], como ocorreu, e não acreditávamos que a alta de juros poderia ocorrer mais à frente. Agora, aumentou muito a chance de elevação já no começo do próximo ano”, avaliou.

Para Serrano, a divisão de votos na reunião foi motivada pela piora das expectativas de inflação. “No relatório Focus, a inflação para 2016 vem piorando. Ela já passa de 6,50%”, destacou. De fato, no documento divulgado na segunda-feira, a mediana do mercado para o IPCA de 2016 passou de 6,50% para 6,64%.

Serrano chamou a atenção ainda para o fato de, no comunicado desta quarta, o Copom ter excluído o trecho que citava a manutenção da Selic no atual patamar “por um período prolongado”. Isso reforça a leitura de que o BC pode elevar a Selic mais à frente. O impacto tende a ser percebido no mercado de juros futuros nesta quinta-feira, 26.

Segundo ele, as taxas dos contratos futuros de juros com prazos mais curtos (até janeiro 2017) devem subir. Na ponta mais longa da curva a termo, o movimento esperado seria de baixa - mas isso dependerá do cenário macro como um todo, bastante contaminado pelos desdobramentos da Operação Lava Jato e influenciado também pelo exterior.

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