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O Banco Central baixou nesta sexta-feira (26) a sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 1,2% para 0,8%, de acordo com números contidos no relatório de inflação do segundo trimestre deste ano.

"Essa alteração [na expectativa de crescimento] reflete, em parte, uma recuperação da atividade econômica mais lenta do que a que se antecipava naquela oportunidade [em março, quando foi feita a previsão de expansão de 1,2%]", diz o BC.

Trata-se, ainda, da segunda revisão da estimativa da autoridade monetária para o crescimento de 2009. No fim do ano passado, a instituição projetava um crescimento de 3,2% para este ano. Se confirmada a expectativa do BC de um aumento de 0,8% para o PIB deste ano, será a menor taxa de expansão desde 1999, quando a economia avançou 0,25%.

Crise financeira

A nova previsão do BC foi feita após a queda do PIB brasileiro por dois trimestres consecutivos, o que configura um cenário de recessão técnica. Nos três últimos meses de 2008, o PIB recuou 3,6%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e, no primeiro trimestre deste ano, houve uma queda de 0,8% - que acabou ficando menor do que o estimado pelo mercado financeiro.

O recuo do PIB no Brasil, e em vários outros países do mundo, acontece em meio à crise financeira internacional, que tem diminuído a concessão de crédito, diminuído o comércio entre as nações, e gerado aumento do desemprego e diminuição da renda.

Outras previsões

A estimativa do Banco Central para o crescimento da economia brasileira está um pouco abaixo da meta do Ministério da Fazenda de uma expansão de 1% para este ano - número que consta no de orçamento federal de 2009. Antes da crise, a projeção oficial do governo para o crescimento deste ano já esteve em 5% na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas já foi revisada várias vezes.

Embora o mercado financeiro acredite que o PIB cairá 0,57% neste ano, e que a projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) seja de uma retração de 0,4% em 2009 para a economia brasileira, a agência de classificação de risco Moody's tem expectativa de crescimento de 0,9% para a economia nacional. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que o PIB brasileiro vai se contrair em 1,3% em 2009.Inflação

No relatório de inflação, o Banco Central também previu que os preços terão desaceleração neste ano e em 2010, ficando abaixo da meta central de inflação de 4,5% em ambos os ano, Isso indica, teoricamente, que ainda haveria espaço para o BC cortar a taxa de juros, atualmente em 9,25% ao ano.

O Banco Central utiliza dois cenários para projetar a inflação: o de referência (no qual a taxa de juros é mantida estável em 9,25% ao ano no horizonte de projeção e o câmbio permanece em R$ 1,95 por dólar) e o de mercado - que considera as estimativas dos economistas do mercado para a trajetória de juros e câmbio no futuro.

No chamado "cenário de mercado", que utiliza as projeções do mercado financeiro para juros e câmbio no futuro e que, portanto, é mais factível, a projeção do BC para o IPCA deste ano subiu de 4,1% para 4,2%. Para 2010, a expectativa do BC, com base no cenário de mercado, caiu de 4,4% para 4,2%.

No chamado "cenário de referência", a projeção do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 4% para 4,1% em 2009, e recuou de 4% para 3,9% em 2010.

Metas de inflação

No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA.

Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Deste modo, a previsão do BC, para 2009 e 2010, está um pouco abaixo da meta central tanto no cenário de referência, quanto no cenário de mercado. Para o ano de 2009, o BC informou que a probabilidade de o IPCA ficar acima do teto de 6,50% do sistema de metas de inflação, no cenário de referência e de mercado, é "residual".

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