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| Foto: gba-iw/JOHANNES EISELE

O multicampeão olímpico Usain Bolt apareceu no domingo durante o intervalo do Fantástico, na Rede Globo, dizendo que enquanto todos diziam que aerodinamicamente era impossível ele ser o corredor mais rápido do mundo, ele pegou o que lhe ensinaram e reinventou a forma de correr. Fez do seu jeito, como diz o slogan que agora acompanha o Banco Original que pertence ao grupo J&F, mesmo dono da Friboi. E o jeito encontrado pelo banco foi investir R$ 600 milhões ao longo dos últimos três anos em uma plataforma totalmente digital para chegar ao varejo.

Abrir conta, tomar crédito, fazer transferências, toda sorte de serviços financeiros serão oferecidos digitalmente para os clientes que chegarem ao banco. Tudo, menos os saques, claro, mas que poderão ser feitos em qualquer caixa eletrônico da rede 24 horas. Com isso, o banco digital, idealizado pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se lança no concorrido mercado bancário de varejo. A meta é alcançar 100 mil clientes no primeiro ano e dois milhões em dez anos.

“Impossível? De jeito nenhum”, segue dizendo Usain Bolt no comercial. Para o especialista, Antonio Bernardo, presidente da consultoria Roland Berger no Brasil, a meta é até modesta se levar em conta a expectativa de retorno do investimento. Segundo ele, o tempo está contra o Original, que demorou a fazer o lançamento. Foram três anos desenvolvendo o banco digital. “Hoje não é mais uma grande vantagem competitiva ser o primeiro porque existem 400 empresas tecnológicas desenvolvendo produtos financeiros”, diz Bernardo. “Qualquer dessas empresas pode ser absorvida por um grande banco, que terá a seu favor a grande base de clientes que já possui, enquanto o Original começa do zero”, diz Bernardo.

O presidente do conselho consultivo da J&F, Henrique Meirelles, diz que era possível ter lançado a plataforma antes, mas ela não abrigaria a possibilidade de o cliente fazer tudo pelo celular, até mesmo a abertura de conta, sem necessitar que um gerente tivesse de colher a assinatura do cliente, por exemplo. “Procuramos em todo o mundo modelos que pudessem servir como base, mas para atender a legislação brasileira tivemos que desenvolver a nossa própria plataforma.”

Por questões de segurança, para evitar crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, o Banco Central faz uma série de exigências aos bancos quando cadastram seus clientes. Para tornar o processo digital condizente com estas normas, o Original exige que ao fazer o cadastro o cliente envie diversas fotos para reconhecimento, além da documentação e de uma assinatura que pode ser feita digitalmente. “Vamos usar até as mídias sociais para fazer o reconhecimento”, diz Meirelles.

O executivo foi o responsável por montar toda a equipe do banco e já tinha no banco digital um projeto pessoal.

Demora

Para algumas fontes próximas ao banco, o Original está demorando em deslanchar. O banco do grupo J&F surgiu primeiro como banco JBS, em 2008. Três anos depois, o grupo adquiriu o Matone, que estava em dificuldades, e para isso tomou emprestado mais de R$ 1 bilhão do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Até hoje, segundo fontes próximas ao fundo, o banco não conseguiu ter o tamanho que planejava quando fez a aquisição do Matone e se tornou o Banco Original. Uma das ideias era comprar ou promover fusão com bancos de médio porte, mas nenhum negócio foi efetivamente fechado. Segundo Meirelles, esta não é ainda uma possibilidade descartada. “Mas não temos grande interesse em aquisições”, diz Meirelles.

Para funcionários do banco, o executivo é visto como o banqueiro dono da instituição. Algumas fontes afirmam, inclusive, que ele estaria negociando o controle do banco. Questionado, primeiro Meirelles desconversa, dizendo que não comenta rumores. Em seguida, esclarece: “No momento não (não está comprando o banco). O que não significa que não posso tomar qualquer decisão (de compra) no futuro”.

Depois de patinar por alguns anos, em 2015 o banco deu um salto de 68% no tamanho de sua carteira de crédito, saindo de R$ 2,7 bilhões e chegando a R$ 4,56 bilhões. Cerca de R$ 1 bilhão, entretanto, foi resultado de compra de recebíveis que eram detidos por empresas do grupo J&F. Seu lucro foi de R$ 110 milhões no ano passado.

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