Problemas recentes enfrentados por alguns bancos brasileiros são pontuais e não refletem questões de baixa liquidez nem falhas do sistema financeiro. As instituições financeira seguem "robustas" e preparadas para uma eventual piora do cenário macroeconômico. As considerações foram feitas pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira.
Submetidos pelo BC a testes de estresse que consideraram cenários extremos, com o dólar valendo até 4,7 reais e queda do Produto Interno Bruto (PIB) de até 4,7 por cento, os bancos mostraram ter resiliência, com níveis satisfatórios de provisão, liquidez e capital.
"Estamos seguros e tranquilos porque o sistema encontra-se em uma situação bastante satisfatória e segura para enfrentar cenários adversos", afirmou a jornalistas o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles.
O diretor disse que a economia mundial vive "situação perigosa", mas frisou que a alta recente do dólar "não representa nada" para os bancos brasileiros, em termos de estabilidade, e que as instituições têm uma exposição "desprezível" aos países europeus hoje em dificuldade.
Ele citou os casos das instituições Morada, Scahin, Matone e Oboé, que foram vendidas ou sofreram intervenção no período recente, dizendo que elas não enfrentaram problemas de liquidez, mas de rentabilidade e sustentabilidade.
"No Brasil o mercado não tem nenhuma disfuncionalidade. Nem nos dias mais complicados de agosto isso se refletiu no Brasil", afirmou.
Relatório de Estabilidade Financeira do BC relativo ao primeiro semestre, e divulgado nesta terça-feira, mostrou que os bancos aumentaram sua exposição a risco no período, por conta do crescimento dos seus ativos. Mas o BC argumentou que a evolução foi devidamente acompanhada por uma expansão da base de capital, sobretudo por causa da incorporação de lucros.
Em junho, o índice de Basileia do sistema ficou em 16,9 por cento, bem acima do mínimo exigido para o país que é de 11 por cento --ou seja, para cada 100 reais emprestados, os bancos têm de ter 11 reais em capitais. Meirelles disse ainda que o atual repique da taxa de câmbio não tem efeito nas instituições financeiras.
Sem bolhas
O crescimento do crédito desacelerou nos primeiros seis meses deste ano, e a participação do crédito imobiliário no total da carteira aumentou, mas Meirelles frisou que esse mercado não vive uma bolha.
"O crescimento do crédito imobiliário acompanha o aumento de renda e a bancarização da população", afirmou. "Não há movimentos que sugerem a formação de uma bolha". Ele citou ainda que a população registrou crescimento da renda e do nível de emprego, graças ao momento de expansão da atividade econômica. Meireles apontou que as famílias financiam em média 65 por cento do valor das moradias.
Taxa preferencial
O BC também divulgou nesta terça-feira pela primeira vez dados da Taxa Preferencial Brasileira (TPB), que reflete os custos de financiamentos das grandes empresas junto aos bancos.
A TPB estava em 17,5 por cento ao ano em julho e 16,9 por cento em junho, segundo uma média móvel trimestral. Os dados passarão a ser divulgados mensalmente e o objetivo é estimular a concorrência entre os bancos.
De janeiro de 2005 a abril de 2011, a taxa preferencial média foi de 16,2 por cento anuais. O custo é o mais elevado de uma relação de seis países divulgada pelo BC, que inclui os países do Brics --além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-- e os Estados Unidos.
O BC destacou, contudo, que o spread médio da taxa nesse período, de 3,2 por cento, é similar aos dos demais países.
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