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Bancos fintech
| Foto: Bigstock

O Brasil tem cerca de 45 milhões de desbancarizados, que não movimentam a conta bancária há mais de seis meses ou não possuem vínculo com qualquer instituição financeira. Eles, no entanto, movimentam mais de R$ 800 bilhões ao ano, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva. Com potencial para consumo de produtos financeiros, este público virou alvo de bancos e fintechs, que estão criando novas tecnologias para mitigar os riscos de calote e acelerar o processo de abertura de conta por meios digitais.

Dos aproximadamente 1,1 milhão de clientes do Next, banco digital do Bradesco, 20% nunca tiveram conta em banco. E como estratégia de fidelização, a empresa oferece pacote de dados para que a internet não seja obstáculo ao uso do aplicativo.

“Quem tem conta digital geralmente tem vínculo com três bancos distintos. Nesta disputa de mercado, quem vai se beneficiar no final é o cliente”, afirmou Jeferson Honorato, diretor do Next, no seminário Mobishop, que aconteceu nesta semana (8/10), em São Paulo.

Concorrente do Next, a Trigg trabalha em parceria com startups para fazer a curadoria de dados dos clientes e aprovar cadastros. “Começamos oferecendo pouco crédito e aumentamos o valor de acordo com o relacionamento com cada cliente”, explicou Juliana Almeida, diretora de marketing da empresa.

Além contar com um programa de cashback (recompensas), a Trigg oferece cartões de crédito personalizados com personagens da DC Comics e super-heróis. O objetivo, disse Juliana, é que eles criem uma identidade com a marca. “Em breve, as pessoas vão reduzir o número de cartões e escolher apenas os que gostam mais”, disse a diretora.

Para incluir não só desbancarizados, como também negativados, o Itaú Unibanco lançou em maio a plataforma de pagamentos iti. Com big data e validação biométrica, o banco não exige documentos pessoais para confirmar a identidade do cliente.

“A estrutura dos bancos não é ideal para incluir desbancarizados. Continuamos pedindo comprovante de residência para liberação de empréstimo, sendo que a maioria dessas pessoas vive em comunidades”, exemplificou Livia Chanes, diretora do iti.

O estudo do Instituto Locomotiva corrobora a afirmação de Livia. Dos 45 milhões de desbancarizados, 37% fazem parte da classe baixa e 58% têm apenas o ensino fundamental (confira mais dados nos gráficos abaixo).

Novos modelos e produtos

Na avaliação de Rudy Cordeiro, diretor de tecnologia do BS2, antigo Banco Bonsucesso, bancarizar a população não significa apenas estimular a abertura de contas bancárias —  engloba a criação de novos produtos que possam ser integrados aos cartões de crédito, por exemplo. “Em 45 dias, temos de lançar um novo produto para atender à demanda do mercado. Antes, eram três anos. O setor financeiro hoje parece padaria”, brincou o executivo.

Este mês, o BS2 lançou uma conta digital na qual o cliente poderá gerenciar pagamentos e recebimentos de recursos no exterior, sem taxa de manutenção. Existe uma lista de espera. “O desafio dos bancos é colocar o cliente no centro. Se ele realiza mais operações às 23 horas, talvez tenhamos de repensar o horário de atendimento em agências”, questionou Cordeiro.

Ainda que a tecnologia traga infinitas possibilidades de negócios, a única certeza para os bancos é que o cliente é quem tem poder para transformar o setor, definiu Paula Mazanék, diretora de negócios digitais do Banco do Brasil. “Não existe verdade perfeita. Quem disser que o saque vai acabar e que o atendimento em agências se tornará obsoleto pode cair no reducionismo.”

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