• Carregando...

A primeira pesquisa Focus após a apresentação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que o mercado financeiro discorda do Banco Central e não está convencido de que o país poderia ter um "juro neutro" mais baixo. Juro neutro é o nível hipotético em que a taxa básica de juros (Selic) não acelera nem represa a atividade econômica.

O levantamento divulgado ontem ampliou a previsão da Selic no próximo ano de 11,5% para 11,75% (atualmente a taxa é de 10,75% ao ano), ao mesmo tempo em que elevou a perspectiva do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2011, de 4,85% para 4,90%, voltando a se afastar do centro da meta de inflação, que é de 4,50%.

Esses números indicam que, para os bancos e consultorias ouvidos semanalmente pelo BC, a autoridade monetária se precipitou ao interromper a escalada dos juros – e, assim, será forçada a elevá-los novamente em 2011 para conter a inflação. "A pesquisa Focus reflete a opção do Banco Central, que preferiu não se sacrificar em 2010, trazendo menos aperto agora, mas, ao mesmo tempo, se comprometeu com 2011", disse Paulo Petrassi, analista da Leme Investimentos, de Santa Catarina. Para Petrassi, o 4,90% não traz um cenário de tranquilidade, o que justifica aos investidores pedirem mais "prêmio" no contrato para janeiro de 2012.

Paralelamente, Petrassi citou as incertezas sobre a composição de um eventual ministério de Dilma Rousseff, candidata governista à presidência da República e líder nas pesquisas, como fator de apreensão. "As especulações sobre um Ministério da Fazenda com (Luciano) Coutinho e outras eventuais mudanças trazem várias incertezas novas. O mercado pensava que não haveria mudanças", comentou, referindo-se ao atual presidente do BNDES.

O levantamento Focus apontou ainda nova elevação da projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A expectativa foi ajustada de 7,34% para 7,42%. Para 2011, a expectativa de expansão foi mantida em 4,50%. O levantamento do BC também mostra que a previsão média para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2011 caiu de 39,5% para 39,45%. Para 2010, o número seguiu em 40,8%.

Déficit maior

O mercado elevou a previsão para o déficit em transações correntes em 2011. A mediana das estimativas para o saldo negativo das contas externas no próximo ano passou de US$ 58 bilhões para US$ 59,9 bilhões, ainda que a previsão de superávit da balança comercial tenha sido elevada de US$ 8,68 bilhões para US$ 9,56 bilhões. Para 2010, tanto a estimativa para o saldo da balança comercial (positiva em US$ 15 bilhões) quanto a projeção para as transações correntes (negativas em US$ 50 bilhões) foram mantidas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]