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Notas de Real. Foto: Joel Santana/Pixabay
Notas de Real. Foto: Joel Santana/Pixabay| Foto:

Dois anos após o fim da recessão, encerrada no fim de 2016, os bancos voltaram à rentabilidade do período anterior à crise. Em 2018, apesar da economia ter seguido ainda em ritmo lento, as instituições financeiras tiveram resultados positivos graças ao efeito da queda da inadimplência nos balanços.

Os lucros em termos nominais (sem retirar os efeitos da inflação) chegaram, em 2018, ao maior patamar desde 2011, segundo o Banco Central. E a rentabilidade voltou à casa dos 14,8% após chegar ao piso de 11,6% em dezembro. Foi a melhor rentabilidade registrada em dezembro desde 2011 (16,5%).

O principal motor dessa melhora de rentabilidade, segundo o BC, ocorreu em razão da queda das despesas com provisão de perdas. Em 2016, no auge da recessão, os bancos provisionaram R$ 120 bilhões, valor que caiu em 2017 e em 2018. Apenas no ano passado, os bancos reduziram em R$ 20 bilhões as despesas com provisionamento, voltando aos R$ 71 bilhões, nível verificado em dezembro de 2011.

Esse instrumento é utilizado pelos bancos como precaução para atrasos nos pagamentos ou caso haja calote. Após seis meses sem pagamento, a dívida tem que ser 100% provisionada e, após um ano, ela deve ser marcada como perda.

Os dados apresentados pelo Banco Central fazem parte do Relatório de Estabilidade Financeira  do segundo semestre de 2018.

Outro indicativo da perda de relevância da inadimplência para os bancos é que o tema deixou de ser o principal fator de preocupação das instituições em pesquisa feita com as instituições. No lugar, os bancos estão mais preocupados com os riscos fiscais e políticos do andamento das reformas econômicas.

O avanço da rentabilidade, porém, segundo o BC está limitado. Para o diretor de fiscalização, Paulo Souza, a rentabilidade só aumentará se houver maior migração dos bancos da atividade de tesouraria (compra de títulos do governo) para operações de crédito com spread maior.

O BC verificou que houve uma volta da expansão do crédito para famílias e para pequenas empresas, como resultado do processo de redução da onda de inadimplência. O crédito às famílias registrou o maior crescimento desde 2015, impulsionado pelas linhas voltadas ao consumo.

Já entre as empresas, o BC verificou uma redução no risco de crédito para pequenas e médias. Entre as grandes, contudo, permanecem com níveis elevados.

Um dos fatores apresentados por Souza, é o aumento dos ativos considerados problemáticos, oriundos principalmente de operações de crédito com grandes empresas. São problemáticos os ativos relativos a operações de crédito atrasadas, em renegociação ou com as piores taxas de risco.

Segundo o BC, a participação dos ativos problemáticos subiu entre as grandes empresas principalmente nos setores de transportes, construção e mídia.

Os dados demonstram uma recuperação gradual da economia, com a expansão do estoque de crédito "invertendo a trajetória de queda iniciada há dois anos e meio", registrou o relatório do BC.

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