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Fim da bolha

O mercado imobiliário americano tem um segmento que oferece crédito a pessoas sem renda comprovada e que apresentam um histórico de inadimplência. É o chamado mercado subprime.

No ano passado, nos EUA, com o fim da bolha dos imóveis, os preços destes ativos caíram e houve uma desaceleração da oferta de crédito e de imóveis. Além disso, os juros chegaram ao patamar máximo, elevando o valor das prestações. O resultado disso foi a inadimplência.

Estas empresas que ofereciam crédito no mercado "subprime" empacotavam estes financiamentos e vendiam a outros investidores. Assim, elas recebiam de volta o valor emprestado e os investidores ficariam com o valor da prestação das hipotecas mais os juros. Contudo, o calote das pessoas que tomaram crédito provocou perdas para estes investidores.

Para compensar estas perdas, os investidores saíram de mercados mais arriscados (ações) e migraram para ativos de risco menor (títulos do governo americano). Além disso, a aversão ao risco aumenta com as incertezas sobre a extensão desta crise – quanto em crédito imobiliário está na mão de investidores, e quem são estes investidores. O resultado é a queda das ações de empresas.

São Paulo – O chacoalhão que atinge o mercado financeiro há alguns dias – por causa do aumento da inadimplência no mercado imobiliário norte-americano – continuou ontem em todo o mundo, obrigando bancos centrais de vários países a atuar forte nos mercados. O objetivo foi garantir a oferta de dinheiro para que as empresas pudessem pagar os títulos que começaram a ser resgatados em grande volume por investidores. O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos (Fed), bateu recorde de colocação de moeda. Foram três atuações que totalizaram US$ 38 bilhões.

Já o Banco Central Europeu BCE colocou 61,05 bilhões de euros no mercado, menos que a cifra recorde da véspera. Outras intervenções vieram do Banco do Canadá, o banco central suíço, o Banco do Japão e o BC australiano. No total, os bancos centrais colocaram pelo menos US$ 323,3 bilhões no mercado nas últimas 48 horas. Mesmo assim, foram dois dias de forte queda nas bolsas de valores em todo o mundo.

Acompanhando o desempenho das bolsas mundiais, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 1,48%. O volume financeiro ficou em R$ 5,3 bilhões, acima da média diária do ano, de R$ 4,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa subiu 0,4%. Em Nova Iorque, depois da intervenção recorde do banco central norte-americano, o índice Dow Jones reduziu a queda, mas ainda fechou em baixa de 0,23%. A Nasdaq – bolsa que negocia ações do setor de tecnologia e internet – fechou com queda de 0,45%.

As bolsas asiáticas fecharam em queda. Na Austrália, a baixa do mercado de ações foi a maior em seis anos, de 3,7%. No Brasil, o dólar comercial fechou no nível mais alto desde junho, cotado a R$ 1,9520, uma alta de 1,30%. Na semana, o dólar acumulou valorização de 2,63%.

A atuação da autoridade monetária dos países se dá pela troca de papéis em poder dos investidores por recursos. Ou seja, um banco que está precisando de liquidez (moeda) vende os títulos que tem em carteira para o banco central de seu país e consegue recursos para honrar os resgates de seus clientes.

Nas três intervenções, o Fed aceitou títulos de agências e hipotecas como garantia. Em todas elas, a oferta de recursos pelo banco central americano foi sempre menor que a demanda dos investidores.

A ação dos bancos centrais americano e europeu ocorreu depois que os bancos centrais da Ásia juntaram-se a uma campanha para garantir liquidez aos mercados, abatidos por problemas em bancos e fundos expostos a investimentos de risco ligados ao setor hipotecário norte-americano.

O Fed disse que está pronto para prover recursos emergenciais aos bancos se ainda for necessário após a injeção de US$ 35 bilhões (valor alcançado após a segunda intervenção). Em um comunicado, o Fed informou que "está provendo liquidez para permitir o funcionamento ordenado dos mercados financeiros". Tais comunicados são incomuns e o última havia sido emitido após os ataques de 11 de setembro de 2001.

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