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A "guerra do hambúrguer" chegou ao mundo vegetal. Com apenas quatro dias de diferença, Bob's (primeiro) e Burger King lançaram no mercado brasileiro as suas versões de sanduíches com hambúrgueres "à base de plantas com gosto de carne". A batalha promete ser sangrenta - mesmo que o sangue, neste caso, seja de beterraba.

A rede carioca lançou o Tentador Zero Beef em 30 de agosto em lojas do Rio de Janeiro e de São Paulo. O produto foi desenvolvido especialmente para o Bob's junto com a foodtech Fazenda Futuro - que em maio colocou nas prateleiras de alguns supermercados a sua versão de hambúrguer de carne vegetal. O processo de produção levou mais de um ano, de acordo com o diretor-geral do Bob's, Antonio Detsi. "Estamos buscando alternativas e parcerias para esse mercado há muito tempo", diz.

A marca está de olho em um público crescente que deixou - ou tenta deixar - de consumir carne vermelha e aqueles que querem, pelo menos, diminuir a frequência. Um mercado que deve abocanhar 10% da trilionária indústria frigorífica no mundo - algo em torno de US$ 140 bilhões nos próximos dez anos, de acordo com analistas do Barclays, banco de investimentos.

Números que, para Detsi, só devem aumentar. "Não se trata de moda. É um nicho. E a aceitação do nosso hambúrguer está sendo muito boa. Estamos com o produto em 150 restaurantes, e em breve vamos expandir para toda a rede", diz, sem revelar a fatia de público que espera ver aderir ao hambúrguer de carne vegetal.

Concorrência quer ganhar o Brasil

Depois de Estados Unidos e Suécia, o Brasil é o terceiro mercado de atuação do Burger King a ganhar um sanduíche de hambúrguer vegetal. Os dados corroboram a estratégia. Pesquisa Ibope divulgada em 2018 mostra que 14% dos brasileiros, ou 30 milhões de pessoas, se declaram vegetarianos. Outros 60% dos entrevistados afirmaram que consumiriam produtos veganos similares aos de origem animal se tivessem o mesmo preço.

"Hambúrgueres à base de planta são uma tendência global", afirma o diretor de Marketing e Vendas do Burger King Brasil, Ariel Grunkraut. "Mas em pesquisas conduzidas com consumidores percebemos que o interesse e a disposição em comprar produtos à base de plantas no Brasil chega a ser maior do que em países como China, Estados Unidos e Inglaterra", aponta.

O Rebel Whopper vendido aqui foi desenvolvido especialmente para o paladar brasileiro, processo que levou três meses e incluiu "desenvolvimento do hambúrguer, adaptações na linha de produção, planejamento e aquisição dos ingredientes", segundo Grunkraut.

Lançado no dia 3 de setembro, desde o dia 10 deste mês o sanduíche pode ser encontrado em 75 lojas Burger King. A ideia é que já a partir de outubro ele esteja em todos os estabelecimentos da marca no estado de São Paulo e chegue ao restante do país a partir de novembro.

Presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, Ricardo Laurino vê toda essa movimentação como positiva. Mais do que popularizar a ideia de um hambúrguer sem carne, diz, o produto à base de plantas deve mudar a percepção dos consumidores a respeito do vegetarianismo. "Deve fazer com que as pessoas vejam que é uma alimentação acessível e fácil de ser adotada", afirma.

Ele, no entanto, acredita que o público-alvo das redes de fast-food devem ser as pessoas que comem carne, querem diminuir o consumo, mas não encontram opções atraentes para serem convencidas disso. "Esses hambúrgueres devem fazer com que elas saciem a vontade de comer carne sem abrir mão do sabor", destaca.

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