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Boom do tráfego de dados pressiona adoção de franquias na banda larga

Operadoras de telefonia defendem mudança em planos como forma de viabilizar os investimentos em infraestrutura necessários para atender demanda

 | Edilson Rodrigues/Agência Senado
(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

No centro de uma discussão ferrenha que envolve parlamentares, operadoras de telefonia e órgãos de defesa do consumidor, a possível mudança nos planos da banda larga fixa traz à tona o interesse crescente das empresas em um nicho de negócio que ganhou relevância na última década e se tornou indispensável para muitos usuários, com a popularização das plataformas de streaming e da computação na nuvem. Estudo da Cisco divulgado ano passado prevê que o tráfego de dados no Brasil vai crescer a uma taxa de 17% nos próximos três anos, atingindo uma média de 122 petabytes por dia em 2019 (equivalente a 1024 terabytes), com os vídeos respondendo por 84% do tráfego naquele ano.

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O boom do tráfego de dados é apontado pelas operadoras como um dos principais argumentos para a implantação dos planos em forma de franquias, que cobrariam do usuário, na prática, pela frequência de uso, e não por mais pela velocidade da conexão. A estratégia é uma forma de, no discurso das empresas, angariar recursos para investir na ampliação da rede, tanto em termos de alcance quanto de velocidade e capacidade. E, também, driblar a desaceleração na adoção do serviço – ano passado, o número de acessos de banda larga fixa no país cresceu 6%, o menor porcentual de aumento na base de clientes desde que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) começou a registrar os dados, há 11 anos.

Para o presidente da Teleco, Eduardo Tude, a desaceleração é efeito, principalmente, da crise econômica. Mas mesmo que os acessos não crescessem, reforça, o aumento do tráfego demandaria investimentos na capacidade da rede. “Ao cobrar uma taxa única independente do consumo, a operadora acaba cobrando pelo uso médio, em vez de cobrar mais de quem consumir mais, e vice-versa. No fim, acredito que pra grande maioria (dos usuários), o novo modelo não mudaria nada”, afirma Tude.

O presidente da Telefônica Vivo, Amos Genish, afirmou na última semana que o movimento de impor limites parece “lógico” e que deve ser buscado o modelo mais correto que não traga um aumento do preço médio para todos. A “boa vontade” das operadoras, no entanto, não é avalizada por todos os analistas do setor. “A Vivo e Claro (responsável pela NET) obviamente estão tentando aumentar sua liquidez em tempos de crise. Se fosse realmente pra gerar caixa e reinvestir em melhoria, seria perfeito. Mas o negócio de telefonia no mundo inteiro é rentável por natureza e, no Brasil, o preço é caro e a qualidade, ruim”, critica o gestor da produtora de soluções digitais da Universidade Positivo, Rafael Dubiela.

Números compilados pela Teleco mostram que, no caso da Vivo, a receita gerada com a banda larga só tem crescido nos últimos trimestres, passando de R$ 1,38 bilhão no início de 2014 para R$ 1,54 bilhão no fim de 2015. A mesma evolução também foi vista pela NET, que hoje lidera o setor, ao lado da Vivo e Oi – as três empresas concentram sozinhas quase 90% do mercado, fato criticado por órgãos de defesa do consumidor e pelo próprio Ministério Público Federal (MPF), em ofício encaminhado à Anatel.

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