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O mau humor tomou conta da Bovespa nesta sexta-feira, levando o principal índice de ações do país a cair cerca de 2 por cento na sessão e a amargar sua pior queda mensal em um ano, diante das preocupações com as perspectivas para a economia brasileira.

A combinação de fraco crescimento econômico com inflação e juros em alta tirava o ânimo de investidores e motivava profissionais do mercado a traçar um cenário pouco favorável para a Bovespa em junho.

"Olhando para frente, não tem como se animar", disse o economista Gustavo Mendonça, da gestora Saga Capital no Rio de Janeiro.

"Não há perspectiva de aceleração da atividade e o aumento dos juros deixa as ações ainda menos atrativas em comparação com a renda fixa", avaliou.

O Ibovespa reduziu levemente as perdas nos ajustes finais, para encerrar o pregão em queda de 2,07 por cento, a 53.506 pontos. Na mínima intradia, o índice chegou a recuar 3,1 por cento.

O setor de construção foi a principal pressão negativa, com destaque para as ações da PDG Realty. Já dentre as poucas altas do índice, aparecia a petrolífera estatal Petrobras, cuja produção aumentou em abril.

O giro financeiro do pregão foi de 12,76 bilhões de reais, bem acima da média diária deste ano, de cerca de 7,7 bilhões de reais, em meio aos ajustes de carteiras no fim de mês.

Com isso, o Ibovespa acumulou perdas de 4,3 por cento em maio --foi a quinta queda mensal consecutiva e o pior mês desde maio de 2012, quando o índice derreteu quase 12 por cento.

"Não vejo nenhum sinal de melhora no curto prazo", disse o operador Douglas Ramos Pinto, da corretora BGC Liquidez em São Paulo. "Antes eu até achava que a bolsa estaria perto dos 60 mil pontos no fim de junho, mas não tem chance nenhuma disso acontecer."

Segundo ele, investidores têm mostrado persistente desânimo com a bolsa local, especialmente os estrangeiros, que retiraram cerca de 668 milhões de reais da Bovespa em maio, até dia 28 (último dado disponível), além do ainda elevado nível de posições vendidas no índice futuro, com pouco mais de 141 mil contratos em aberto.

No pano de fundo está a constante preocupação com a economia brasileira, que ajudava a explicar a queda de 12,2 por cento do Ibovespa no ano, o pior desempenho entre os principais índices no mundo.

"A avaliação inicial era de que esse seria um ano bom para a bolsa (brasileira), mas os números estão demonstrando que não será", disse o gestor Flávio Barros, da Grau Gestão de Ativos.

Após o feriado da véspera, os mercados brasileiros repercutiram nessa sexta-feira a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de acelerar o ritmo de alta da taxa de juros Selic.

Em decisão unânime, o BC aumentou o juro básico em 0,5 ponto percentual na noite da última quarta-feira, para 8 por cento ao ano, levando a curva de juros futuros a precificar que esse passo de aperto monetário será mantido na próxima reunião do Copom.

Também na quarta-feira, foi divulgado dado que mostrou um crescimento decepcionante da economia brasileira no primeiro trimestre, de apenas 0,6 por cento ante o quarto trimestre de 2012.

Além da fraqueza da economia, analistas do JPMorgan citaram, em relatório de estratégia para ações na América Latina, que o "intervencionismo é o modus operandi (do Brasil), levando a desaceleração dos investimentos e menor potencial de PIB."

A casa continua com recomendação "neutra" para o Brasil, enquanto tem avaliação equivalente à "compra" para o México.

"O México cresceu mais, tem inflação menor, menores taxas de juros, um câmbio forte, e ainda está envolvido em reformas estruturais que melhoram o crescimento de longo prazo", avaliaram os analistas.

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