São Paulo O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, pediu ontem ao Brasil e a outros países emergentes que deixem claro que "não estão andando para trás" quanto aos compromissos com a negociação da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para liberalizar o comércio mundial. Mandelson disse que o Brasil "não está ajudando o sucesso de Doha, com suas críticas a outros parceiros" [União Européia e Estados Unidos], acusando-os de posições irracionais e não razoáveis".
O negociador da UE se referiu tanto a declarações do Itamaraty sobre Doha quanto às reservas dos países emergentes liderados por Brasil e Índia em aceitar a abertura de mercados industriais, exigida nos documentos de negociação.
O principal negociador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, acusou os países industrializados de serem injustos com o mundo em desenvolvimento nas negociações para a liberalização do comércio. Para ele, os países ricos querem impor aos países do Sul reduções de direitos aduaneiros sobre os produtos industrializados, tentando escapar assim às reivindicações relacionadas aos produtos agrícolas.
Por outro lado, o secretário de Comércio dos EUA, Carlos Gutierrez, disse em evento em São Paulo que é importante o Brasil liderar os países emergentes para o sucesso da Rodada Doha. "É o momento de o Brasil estabelecer o mesmo compromisso e usar a liderança que conquistou para persuadir outras nações em desenvolvimento", afirmou o secretário, que aposta em um acordo em breve.
Já Mandelson pediu a Brasil, Índia e África do Sul que "reforcem a confiança nas negociações", na cúpula do próximo dia 18 em Pretória, "deixando claro que não vão andar para trás em relação a compromissos anteriores".
Dentro da rodada, o principal ponto de estagnação nas discussões é a exigência das potências emergentes para que a UE e os EUA cedam em agricultura. Mas americanos e europeus exigem dos países em desenvolvimento uma melhor oferta para abrir seus mercados industriais.
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