Pela primeira vez desde a eclosão da crise financeira global, os bancos voltaram a aumentar seus empréstimos e linhas de crédito internacionais. Essa é a principal conclusão do último relatório do Banco de Compensações Internacionais (da sigla em inglês BIS), com sede na Basileia. Trata-se de uma espécie de Banco Central dos bancos centrais. Segundo o estudo, a exposição dos bancos aos mercados aumentou em 2,1% no primeiro trimestre deste ano, o que equivale a um acréscimo de US$ 700 bilhões. Desde meados de 2008 esse número estava em queda.
Ao todo, os bancos emprestaram US$ 33,4 trilhões nos primeiros três meses do ano. A expansão foi puxada tanto por empréstimos interbancários, em que o aumento foi de 1,8%, como por empréstimos e crédito para a economia em geral, cujo aumento foi de 2,5%.
Ainda segundo o relatório, a reviravolta nos balanços dos bancos pode ser atribuída ao aumento de crédito e empréstimos para os Estados Unidos e Reino Unido, mas, especialmente, ao crescimento nas regiões de Ásia-Pacífico, América Latina e o Caribe. Os empréstimos e créditos internacionais para países emergentes cresceram pelo quarto trimestre seguido. A expansão foi de 4,6%, o equivalente a US$ 113 bilhões.
Nesse grupo, o Brasil se destacou. O País foi o segundo colocado entre as economias em desenvolvimento no aumento de empréstimos e créditos internacionais. O fluxo de capitais ao Brasil cresceu em US$ 18,6 bilhões no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior. A China, primeira colocada, recebeu US$ 42 bilhões a mais. Uma das consequências desse crescimento de fluxos dos bancos em direção ao Brasil tem sido a valorização do real. Segundo o estudo, o real, na comparação com moedas da Índia e China, foi a que mais se valorizou desde 2008
Em outro relatório, divulgado no início do mês, o BIS mostra que o real é uma das duas moedas de países emergentes que mais ganharam espaço no mercado mundial de divisas nos últimos três anos e já é a 20.ª mais trocada e apostada por esse mercado.
Em crescimento de participação no mercado internacional, o real está atrás apenas da lira turca entre as emergentes. A moeda brasileira, que em 2007 representava 0,4% do mercado de divisas, passou a representar 0,7% em 2010. Há 12 anos, a taxa era de 0,2%. Os dados de 2010 são os primeiros a incluir além do brasileiro o mercado do mundo todo.
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