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Dois anos de devastação

A crise econômica mundial levará sete ou oito anos para ser superada e, pelos próximos dois anos, terá efeito devastador sobre as políticas de sustentabilidade das empresas.

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Dono de um dos maiores potenciais hidráulicos do planeta, o Brasil nunca se preocupou em buscar alternativas às grandes hidrelétricas, que geram mais de 80% da eletricidade consumida. Mas, por questões ambientais e regulatórias, ultimamente o país tem abusado da energia "suja". Nos sete leilões realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde 2004, cerca de 72% da energia negociada veio de fontes não-renováveis, com destaque para as arcaicas, caras e poluentes termelétricas a óleo combustível. Esse quadro pode começar a mudar se o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, conseguir levar adiante duas medidas que anunciou na sexta-feira, em Florianópolis.

A primeira é reduzir a níveis mínimos os impostos cobrados de fabricantes de equipamentos para geração de energia solar e eólica – quando Minc foi secretário no Rio de Janeiro, os tributos estaduais do setor foram diminuídos em 85%. "O Brasil é a terra do sol, do vento e da biomassa, mas estamos sujando nossa matriz energética com óleo combustível. Não estamos perdendo o trem, estamos perdendo o vento da história", disse o ministro. Minc avisou que a questão "está bem encaminhada" dentro do governo e que só precisa da aprovação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do Conselho Monetário Nacional (CMN).

A segunda providência – que segundo ele, já foi solicitada ao Ministério de Minas e Energia, à Empresa de Pesquisa Energética e à Aneel – é o recálculo das planilhas de termelétricas nos leilões de energia, já que distorções na metodologia estariam beneficiando as térmicas. Segundo o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, essa distorção faz com que usinas a óleo combustível – que tem preço "real" de R$ 380 por megawatt-hora (MWh) gerado – fiquem mais competitivas que a energia eólica, que custa cerca de R$ 240.

Segundo Odilon Camargo, sócio-diretor da consultoria curitibana Camargo-Schubert – responsável pelo maior banco de dados do setor no país –, se o Brasil usasse apenas 20% de seu potencial, tiraria dos ventos 143 mil MW de potência, o equivalente a "dez Itaipus". "Apenas no Sul estão 22 mil MW desse potencial", disse. "Além disso, os cálculos foram feitos para torres de 50 metros de altura. As mais novas têm 100 metros, geralmente."

Exemplo disso são os Parques Eólicos de Osório (RS), inaugurados em 2006 ao custo de R$ 670 milhões. Eles usam aerogeradores ("cataventos") de 100 metros e, com 150 MW instalados, formam o maior complexo eólico da América Latina – a energia gerada pode abastecer metade do consumo de uma cidade do tamanho de Porto Alegre. O Paraná também gera energia eólica, mas em escala muito inferior, em Palmas (sul do estado). Mantidas pela Copel, as centrais de Palmas têm potência de apenas 2,5 MW. (FJ)

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