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Clima seco e encarecimento dos fertilizantes são alguns desafios para aumentar a produção de milho no Brasil| Foto: Daniel Caron/Arquivo/Gazeta do Povo

Um dos maiores produtores mundiais de cereais, o Brasil quer ocupar o espaço que a Ucrânia pode deixar no mercado de milho e acredita que tem capacidade para isso, apesar dos muitos desafios que sua produção ainda enfrenta.

A forte demanda e a invasão russa da Ucrânia levaram os preços internacionais do milho ao maior patamar desde 2012, o que está chamando a atenção dos exportadores brasileiros. A Ucrânia e a Rússia juntas representam entre 16% e 18% do mercado mundial de exportação de milho.

Quanto à Ucrânia, há muitas dúvidas sobre a viabilidade de sua colheita devido à falta de mão de obra – ocupada defendendo o país ou fugindo de ataques russos – e suprimentos, como combustível; e pelo bloqueio de seus principais pontos de exportação.

No caso da Rússia, o cerco econômico internacional ao governo de Vladimir Putin colocará suas operações comerciais no exterior em sérias dificuldades.

Com esses dois países fora da equação, o mercado olha para outros dois importantes players do setor: Argentina e Brasil, segundo e terceiro maiores exportadores de milho do mundo, respectivamente, atrás apenas dos Estados Unidos.

A Ucrânia é a quarta, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – e daí surgem as urgências de alguns de seus maiores clientes, como a União Europeia, para garantir o abastecimento de grãos.

As previsões no Brasil para a segunda safra de milho da temporada são boas, depois de uma primeira que foi afetada por uma seca severa. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Brasil estima que a produção total do cereal crescerá 29% na safra 2021/22, atingindo 112,3 milhões de toneladas, impulsionada por essa segunda safra.

"Temos condições de produzir um pouco mais e já estamos plantando mais do que no ano passado", disse à Agência EFE o presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesário Ramalho.

"O Brasil tem um potencial de crescimento muito bom e estamos diante de uma grande oportunidade. Temos mercado, compradores e área para isso", completa Ramalho.

Clima, custos e fertilizantes são desafios para aumentar a produção de milho no Brasil

No entanto, vários fatores podem arruinar essa expectativa. Para começar, as previsões meteorológicas não são as melhores e existe a possibilidade de que o fenômeno La Niña dure até junho ou julho.

Nesse contexto, Felippe Serigati, pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), considera que, se a segunda safra de milho finalmente for boa, servirá principalmente "para cobrir os danos" da primeira.

Além disso, segundo Ramalho, o Brasil consome 70% de sua produção, pois é o maior exportador mundial de carne e boa parte de seu milho é destinada à fabricação de ração para suínos e aves.

Mas com os preços e a demanda internacional em alta, os produtores locais podem começar a olhar mais para o mercado de exportação. "O Brasil tem que estar atento porque precisa muito do milho e há um certo pânico. Essa corrida pelo milho me preocupa", diz Ramalho.

E depois há um problema de altos custos e dúvidas sobre o fornecimento de fertilizantes, ramo em que a Rússia é um grande produtor mundial.

"O setor de milho vai iniciar o próximo ciclo com custos muito altos e a incerteza de ter acesso a esses insumos de produção", acrescenta o especialista.

No entanto, Ramalho minimiza a possível falta de fertilizantes devido às sanções contra a Rússia e que mobilizou o governo brasileiro em busca de novos fornecedores. "Temos terras muito bem adubadas. Podemos plantar um ano com menos e nas terras mais férteis mesmo sem eles [adubos]", diz.

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