Em live na quinta-feira (22), o presidente disse que sanção de projeto que pune discriminação salarial com penas mais pesadas que as atuais pode dificultar situação da mulher no mercado de trabalho.
Em live na quinta-feira (22), o presidente disse que sanção de projeto que pune discriminação salarial com penas mais pesadas que as atuais pode dificultar situação da mulher no mercado de trabalho.| Foto: Reprodução/YouTube

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que arranjar emprego pode se tornar "quase impossível" para as mulheres, caso ele sancione um projeto de lei que amplia a multa contra empresas que praticam discriminação salarial contra trabalhadoras. A proposta prevê o pagamento de indenização à empregada prejudicada, no valor de até cinco vezes a diferença de remuneração em relação ao homem que ocupa a mesma função.

O texto altera regra atual, vigente desde 1999, que condena explicitamente a discriminação por gênero, raça, idade ou situação familiar nas contratações e políticas de remuneração, formação e oportunidades de ascensão profissional, mas prevê punições brandas, entre R$ 547,45 e R$ 805,07. Além disso, o pagamento é devido ao governo, não à trabalhadora lesada pela prática da empresa.

Bolsonaro evitou antecipar sua decisão sobre vetar ou sancionar o projeto e pediu que seus espectadores na internet comentassem sobre o que ele deveria fazer. O presidente ressaltou o custo que a iniciativa pode gerar aos empresários se for sancionada e afirmou que as trabalhadoras podem exigir pagamento igual em situações em que "supostamente é a mesma atividade". Por outro lado, ele também disse que pode virar alvo de uma "campanha das mulheres" e ser "massacrado" caso decida pelo veto.

Na avaliação do presidente, a sanção do projeto que assegura igualdade salarial pode piorar a condição das mulheres no mercado de trabalho. "É difícil para a mulher arranjar emprego? Sim, é difícil para todo mundo, para a mulher é um pouco mais difícil. Se o emprego (para a mulher) vai ser quase impossível ou não, ou você vai dizer o patrão tem que tomar vergonha na cara e pagar o salário justo... Pode ser que o pessoal não contrate, ou contrate menos mulheres, vai ter mais dificuldade ainda", afirmou. Ao final de sua fala, Bolsonaro lançou a enquete virtual para seus seguidores e pediu respostas até segunda-feira (26), quando termina o prazo para sanção ou veto do projeto.

Semanas atrás, leitores da Gazeta do Povo responderam a uma enquete sobre a questão. Veja os resultados: