O ex-secretário de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados, Salim Mattar.
O ex-secretário de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados, Salim Mattar.| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Secretário especial de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia por 19 meses até agosto passado, Salim Mattar disse que vê a saída de Roberto Castello Branco da Petrobras como uma truculência por parte do governo. Mattar deixou o governo ao perceber que não conseguiria cumprir seu objetivo de privatizar o máximo possível de estatais. Mas continua defendendo a necessidade de o País privatizar tudo. Sobre o ministro Paulo Guedes, que tem opinião semelhante, afirma que ele “é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido”.

"Por exemplo, há quanto tempo a história da Eletrobrás está no Congresso e não consegue autorização? Tem a Casa da Moeda, que eu tentei privatizar e o Congresso disse não por considerá-la estratégica. Mas ela é uma gráfica", aponta o ex-secretário.

Na quinta-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro anunciou na live semanal que iria fazer "mudanças" na Petrobras, devido a alta nos preços dos combustíveis. Após a declaração e especulações, a estatal perdeu R$ 28,2 bilhões em valor de mercado. “Se o governo deseja intervir numa empresa, primeiro não deveria ter aberto seu capital. Mas ele pode tomar uma atitude, chamar os minoritários, pagar todo mundo, fechar o capital e fazer o que quiser, como colocar a gasolina a R$ 1. É simples, é seguir a lei. Mas não pode interferir num ativo que tem investimento de milhares de pessoas físicas e jurídicas. Isso traz insegurança jurídica”, declarou Mattar.

“Há um risco muito elevado e iminente de processos, porque os conselheiros têm de agir no sentido de proteger a empresa, de fazer o que for melhor para ela e não para o acionista controlador. Estou torcendo para que o mercado reaja e para que CVM, minoritários e investidores abram ações na Justiça, processando conselheiros e o controlador pela interferência na Petrobras, e acho que isso vai acontecer”, disse Mattar sobre as consequências da decisão do governo. A CVM estuda a abertura de um processo administrativo para apurar se as informações sobre a mudança no comando da estatal foram divulgadas de forma correta.