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Com o sucesso das máquinas caseiras de fazer café expresso a partir do sistema de cápsulas, o setor da indústria de bebidas segue ampliando as possibilidades de o cliente fazer o que deseja beber em casa. A produção, agora, é de sucos, chás, refrigerantes e uma série de líquidos para consumir gelado.

Em 2014, a PepsiCo lançou no Brasil o kit Drinkfinity: uma garrafa reutilizável e cápsulas que, misturadas a água, viram energéticos, isotônicos e bebidas frias à base de cafeína. No mesmo ano, chegou ao mercado a máquina de gaseificação da Sodastream, que começou a produzir águas com gás com sabores, além das essências de bebidas energéticas e águas de frutas que já estavam no mercado.

Para não ficar para trás, ainda em 2014, foi a vez da fabricante de cervejas Heineken entrar na brincadeira. Após fracassar com o BeerTender, em 2004 – que demorava 12 horas para gelar a cerveja – a empresa lançou o Sub, dez anos depois: um barril mais elegante que a primeira tentativa (apelidada de lata de lixo) e que oferece nove tipos de cerveja, da amarga Pelforth Blonde, da França, à lager Tiger, de Cingapura.

Antes delas, a Coca-Cola havia anunciado parceria com a Green Mountain, empresa que fabrica máquinas e cápsulas de café e bebidas quentes, para iniciar produção de máquinas de refrigerante em cápsula. A Keurig Kold começou a ser vendida em 2015.

Neste ano, a Sodastream anunciou novo lançamento: um sistema doméstico de fabricação de cerveja chamado Beer Bar, que deve iniciar com uma cerveja light, chamada Blondie, de 4,5% de teor alcoólico, e que rende três litros de cerveja a partir de um da garrafa de Blondie.

Segundo Paulo Henrique Prado, professor da área de marketing do curso de Administração da Universidade Federal do Paraná, esse mercado reúne várias tendências. “As pessoas querem fazer mais coisas em casa. É cômodo e isso já acontece na área do entretenimento, por exemplo. Tem também a questão de não comprar o produto pronto, mas adquirir várias partes e participar do processo de montagem, na busca por maior qualidade e também como uma forma de torná-lo mais gourmet”, comenta.

O desenvolvimento da tecnologia, conforme explica o professor, atua como catalisador nesse processo. “As tecnologias dão suporte para que o consumidor tenha acesso a produtos mais sofisticados, como ele deseja. Permite variedade de produtos, autonomia, mais ou menos na linha do teach yourself”, analisa.

Para Marcelo Pontes, líder acadêmico da área de marketing da ESPM, esse movimento faz parte de uma grande mudança. “O conceito de cozinha mudou. Agora é um lugar de encontros, de experiências e, nesse mercado, existe muito a vontade de dar o próprio toque à bebida final, inclusive como caráter lúdico”, afirma.

Desafio

Os próximos passos desse mercado, segundo o professor de marketing da UFPR, Paulo Prado, devem focar no custo-benefício. “O desafio das empresas, agora, é tornar o produto relevante para o cliente. Ninguém terá 4 ou 5 máquinas que fazem produtos específicos. É preciso apostar na união das ideias, ampliar o consumo em uma máquina mix, com variedade de produtos”, comenta.

Mas há quem esteja à frente nessa corrida. No final de 2014, a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool lançou a Brastemp B.blend – primeiro produto da join venture B.blend Máquinas e Bebidas, formada com a fabricante de bebidas Ambev, para atuar nesse mercado.

Chamada de máquina all-in-one por apresentar grande versatilidade, a B.blend é capaz de produzir dez tipos de bebidas em mais de 25 sabores, a partir de cápsulas diferentes. São refrigerantes, sucos, chás, energy drinks, drinks, frapês, chocolates, cafés, além de funcionar como purificador de água.

“A B.blend reinventou a cultura de consumo de bebidas na casa dos brasileiros e acreditamos no potencial de crescimento desse segmento”, comenta Omar Zeyn, CEO da B.blend. A empresa aposta na funcionalidade e praticidade de seu produto, além do poder de escolha que ela oferece às pessoas. “A marca apoia que os consumidores continuem dividindo a mesma mesa, sem ter que compartilhar a mesma bebida”, explica.

Para o líder da área de marketing da ESPM, Marcelo Pontes, ainda há muito espaço para diversificação e ampliação desse mercado. “Além de muitos outros sabores, a tendência é que, com o crescimento, comecem a surgir as segmentações de produtos: os diets, os orgânicos, além de produtos ou objetos relacionados à essa prática, como livro de receitas inventadas pelas empresas ou utensílios domésticos”, analisa.

A B.blend anunciou, no mês passado, que a fábrica de 1,6 mil metros quadrados e 15 funcionários, instalada dentro de uma unidade da Ambev em Sete Lagoas (MG), está em fase final de preparação da linha de produção. As cápsulas nacionais começarão a ser vendidas ao longo do segundo semestre. A intenção da empresa, que deixará de importar as cápsulas da Alemanha, é dar à companhia mais flexibilidade na cadeia de produção, simplificando os processos logísticos, e acelerar o desenvolvimento de novos sabores de bebidas.

Para Omar Zeyn, essa nicho está em franca expansão e ampliará o volume de vendas da indústria de bebidas – hoje calculada em R$ 30 bilhões por ano. “Pretendemos, até o final deste ano, ter um portfólio com mais de 30 sabores de bebidas, além de criar marcas próprias para as principais categorias de bebidas desse portfolio”, finaliza.

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