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São Paulo – O câmbio tem ditado a dinâmica dos preços dos alimentos industrializados nos últimos anos. Um levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP) desde 2000 revela que a oscilação do dólar tem influenciado os preços dos alimentos industrializados mais que a demanda de produtos no mercado interno.

Segundo Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa da Fipe, essa correlação dos industrializados com o dólar explica a queda nos preços destes produtos apesar da recomposição salarial, que elevou o poder de compra da população. Os dados mais recentes sobre rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes à pesquisa de junho, mostram que o poder de compra da população brasileira cresceu 6,7% em um ano. Já o volume de vendas dos super e hipermercados avançou 8,99% em junho último na comparação com o mesmo mês de 2005.

Apesar deste aumento das vendas verificado pelo IBGE nos supermercados, os alimentos industrializados acumulam retração de 3,58% nos preços em 12 meses, até julho, segundo pesquisa da Fipe. Neste mesmo período, o grupo Alimentação como um todo caiu 3,52%, ou seja, menos que os industrializados. O dólar acumula queda de 7,71% em relação ao real de agosto do ano passado até julho último.

"Se houvesse pressão de demanda no mercado, os preços subiriam toda vez que a massa salarial aumenta", afirmou Picchetti. O economista explica que, com a queda do dólar, as empresas exportam menos – já que esse movimento reduz a competitividade do produto brasileiro no exterior – e há um aumento de oferta no mercado interno. Além disso, o dólar baixo reduz os preços de insumos, como o trigo, e dos produtos importados.

O resultado é uma forte queda dos alimentos industrializados, como os panificados, que ficaram 4,42% mais baratos em 12 meses até julho. Enlatados e conservas recuaram 4,21% no mesmo intervalo. Condimentos e sopas, que incluem muitos importados, registraram baixa de 7,44% no período.

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