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"Com o câmbio flutuante, existe a tendência de normalização no longo prazo. Não há risco de crise, porque o câmbio não é ajustado artificialmente e as reservas nacionais não estão baixas. O ajuste deve ser suave." Henrique Meirelles, presidente do Banco Central | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
"Com o câmbio flutuante, existe a tendência de normalização no longo prazo. Não há risco de crise, porque o câmbio não é ajustado artificialmente e as reservas nacionais não estão baixas. O ajuste deve ser suave." Henrique Meirelles, presidente do Banco Central| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Intervenção

Fundo Soberano pode ser usado para estancar queda

Principal instrumento de curto prazo para frear uma valorização excessiva do real frente ao dólar, o Fundo Soberano do Brasil (FSB) – poupança do governo formada por excedentes fiscais e rentabilidade em aplicações – já está liberado para comprar moeda norte-americana no mercado à vista. A autorização foi concedida na última sexta-feira pelo conselho deliberativo do FSB e divulgada ontem pelo Ministério da Fazenda.

O governo está preocupado com a valorização do câmbio e vem trabalhando para mostrar ao mercado que não permitirá uma queda muito forte do dólar frente ao real. O FSB também deverá ser usado pela União na capitalização da Petrobras. No último dia 9, o governo alterou as regras do Fundo e liberou que até 100% de seu patrimônio líquido seja usado para a compra de ações de empresas com capital aberto em que a União tenha a maioria das ações ordinárias (ON, com direito a voto).

Agência Estado

Com BC comprando, dólar avança 0,52%

A taxa de câmbio brasileira subiu pela terceira vez em setembro, em meio às discussões do mercado sobre quais devem ser os próximos passos do governo para atuar no mercado de moeda. A oferta pública da Petrobras, que traz a expectiva de um forte ingresso de capital estrangeiro, torna predominante o viés de baixa e o Banco Central, a "única barreira" para conter uma queda ainda maior das cotações.

Nas últimas operações de ontem, o dólar comercial foi trocado por R$ 1,728, em uma avanço de 0,52%. O Banco Central entrou no mercado às 12h14 para sua compra habitual de dólares, aceitando ofertas por R$ 1,7178 (taxa de corte). Em seu segundo leilão, às 15h57, a autoridade monetária tomou moeda por R$ 1,7274.

O BC não informa imediatamente a quantia de moeda que adquire nesses eventos. Nos últimos dias, no entanto, ele deu sinais de estar mais "agressivo". Entre os dias 9 e 16 deste mês, a autoridade monetária comprou praticamente US$ 5 bilhões no mercado cambial, o maior desembolso do ano, comparável até mesmo ao mês fechado de maio, que lidera o ranking de volume de aquisições da instituição em 2010.

De acordo com o boletim Focus, as projeções do mercado para a taxa de câmbio de dezembro cederam pela terceira semana consecutiva – nos últimos sete dias, a expectativa média recuou de R$ 1,77 para R$ 1,75.

Profissionais das mesas de operações salientam que o mercado ainda se encontra "dividido" entre a expectativa de um fluxo importante de recursos externos para o país – a corretora Prosper estima captações acima de US$ 7 bilhões somente neste mês – e a possibilidade de que o governo intensifique suas medidas para conter a derrocada das taxas.

Folhapress

O persistente déficit das transações brasileiras com o exterior deve promover um "ajuste suave" do real em relação ao dólar, afirmou ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ele falou a empresários, executivos e profissionais de finanças em palestra na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba.

Meirelles garantiu não existir a possibilidade de ocorrer uma crise cambial semelhante à de 1999, quando o governo federal teve de aceitar uma desvalorização brusca do real frente ao dólar. "Com o câmbio flutuante, existe a tendência de normalização no longo prazo. Não há risco de crise, porque o câmbio não é ajustado artificialmente e as reservas nacionais de dólar não estão baixas. O ajuste deve ser suave", ressaltou.

O dólar caiu 5,4% frente ao real nos últimos 12 meses e, embora Meirelles fale em ajuste gradual, o próprio Banco Central tem sido encarado pelo mercado financeiro como a "única barreira" contra uma queda ainda mais forte da moeda norte-americana, por meio das compras diárias de dólar. Outro sinal de que o governo talvez não esteja disposto a esperar por uma "normalização no longo prazo" foi a autorização para que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) compre dólares no mercado à vista.

Segundo o último dado disponível do BC, o Brasil registrou em julho um déficit em transações correntes recorde de US$ 4,5 bilhões. Para o acumulado do ano, o mercado prevê déficit de US$ 50 bilhões, que pode subir a US$ 60 bilhões em 2011.

Falando a uma plateia de empresários, Meirelles creditou o crescimento da economia brasileira na última década ao "ciclo virtuoso" gerado pelo tripé da política macroeconômica (metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário).

Meirelles projetou aumento nos investimentos externos no Brasil, que, segundo ele, tornou-se um dos destinos mais importantes para multinacionais e fundos de investimento. "O Brasil não é mais um mercado marginal. Nos próximos anos, teremos aumento de aplicações não só por meio da Bolsa de Valores, mas também investimentos diretos em empresas de capital fechado."

Inflação

O relatório Focus, divulgado pelo BC, mostrou ontem que o mercado está mais pessimista em relação à inflação: elevou de 4,97% para 5,01% a perspectiva para a alta dos preços em 2010. A projeção para 2011 subiu de 4,90% para 4,95%. Meirelles garantiu o compromisso do BC em atingir a meta de 4,5% ao ano – que tem margem de tolerância de 2 pontos porcentuais para baixo ou para cima. "O BC está preparado para tomar todas as medidas necessárias para que a inflação esteja na meta", disse.

Eleições

Meirelles também foi evasivo sobre seu futuro político em caso de vitória da candidata da situação, a petista Dilma Rousseff. E preferiu não opinar sobre as eleições presidenciais. Ressaltou, porém, que considera que a ortodoxia da economia brasileira está garantida para a próxima gestão, independentemente do vencedor do pleito de 3 de outubro. "Hoje, pela primeira vez em nossa história, temos apoio político da população à manutenção da estabilidade", analisou. "É extraordinário que o país já discuta os desafios no longo prazo, como a questão da educação e da mão de obra."

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