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Aeroporto de Florianópolis
Aeroporto de Florianópolis| Foto: Divulgação/Felipe Carneiro

Melhorias na infraestrutura, favorecida pelo programa de concessões de aeroportos à iniciativa privada; cortes de impostos, que podem influenciar nos preços das passagens; e uso intensivo de tecnologia nos terminais e nas companhias aéreas podem tornar a aviação brasileira mais competitiva nos próximos anos.

Atualmente, na América Latina, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking, atrás do Chile e do Panamá, aponta pesquisa feita pela Amadeus, fornecedora de soluções para o setor de viagens, e a Alta (Associação da América Latina e do Caribe de Transporte Aéreo.

“O Brasil está percorrendo um claro caminho de mudanças.”

Victoria Huertas, vice-presidente comercial para a América Latina e Caribe da Amadeus

Destaques

Segundo a executiva, na região, o Brasil se destaca nas políticas de liberalização e crescimento da infraestrutura. Os principais aeroportos estão sendo transferidos à iniciativa privada - mais 22 terminais devem ir a leilão no próximo ano. “(O Brasil) tem feito algo muito importante que é criar hubs em cidades que não sejam as capitais, reduzindo o congestionamento e proporcionando maior eficiência aérea com mais trechos diretos.”

Um dos exemplos citados por Victoria é o aeroporto de Fortaleza, que conseguiu conectar o país sem depender de um único ponto. O terminal da capital cearense atraiu um milhão de passageiros adicionais em apenas um ano graças a esse processo. E a tendência é a consolidação desse caminho, com a prorrogação da parceria entre a Gol e a Air France-KLM por mais cinco anos.

Outro fator que contribuiu para a liberalização do transporte aéreo no Brasil, de acordo com a Amadeus, foi a assinatura de um acordo de céus abertos com os Estados Unidos, que aumentou o tráfego em 14% entre 2017 e 2018. A expectativa é que ele ganhe um impulso adicional após a retirada da exigência de visto para australianos, canadenses, estadunidenses e japoneses. Chineses que tem o visto de entrada para a Europa também não precisam de uma autorização especial para poder entrar no Brasil.

Questão tributária na aviação

A questão tributária é um dos principais pontos de preocupação para a indústria aérea, destaca ela. A Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci) destaca que existem cerca de 130 impostos e tarifas sobre passagens aéreas na América Latina. “Muitos dos quais não estão destinados a impulsionar a infraestrutura ou cobrir os custos de serviços relacionados à aviação", aponta o relatório da Amadeus e da Alta.

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), a América Latina é um lugar muito caro para se fazer negócios. Impostos, taxas e políticas governamentais sobrecarregam as companhias aéreas e “sufocam” as viagens aéreas, tornando-as mais caras do que o necessário.

Um dos exemplos é o custo do combustível. Segundo a Amadeus, a região é pouco competitiva. Enquanto o custo do combustível correspondeu a uma média global de 24% dos custos operacionais, na América Latina esse percentual supera os 30%. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) reclama que o país é o único no mundo com impostos regionais sobre o combustível de aviação.

Mas há sinais de melhora, destaca Victoria Huertas, da Amadeus. Um dos exemplos é o corte do ICMS em alguns estados e no Distrito Federal. As reduções do tributo permitiram compensar o fim da Avianca, que parou de voar em maio, e turbinaram novas rotas aéreas.

Pontos fortes da aviação brasileira

Os pontos-forte do Brasil são a tecnologia e a facilitação para o passageiro. “Isto é um reflexo da grande penetração de smartphones no Brasil”, cita a executiva. Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que, em agosto, eram 228,2 milhões de terminais para uma população de 210 milhões de pessoas.

“O brasileiro é conectado e isso contribuiu desenvolvimento de aplicativos por parte das empresas aéreas, que facilitam o dia a dia no aeroporto.” Um dos destaques, segundo ela, são os cartões de embarque virtuais. “E há aeroportos, como o de Guarulhos, que estão automatizando o processo de leitura desses cartões.”

Tendências

Segundo a Airbus, um dos maiores fabricantes mundiais de aviões para passageiros, as viagens aéreas na América Latina deverão duplicar nos próximos 20 anos, “graças a uma classe média incipiente e à transformação dos modelos de negócios das companhias aéreas, que farão que as viagens aéreas sejam cada vez mais acessíveis.” A expectativa é de que, em 2037, sejam feitas cerca de 0,9 viagens por pessoa. A média atual é de 0,4.

“A América Latina é um mercado muito interessante para a aviação, dadas as grandes extensões territoriais e a falta de meios alternativos, como trens”, aponta o relatório publicado pela Amadeus e pela Alta.


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