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O número de transações com cartões de crédito no Brasil cresceu mais de dez vezes desde o início do Plano Real, em 1994. Apesar das dúvidas do consumidor sobre o meio de pagamento - e de muita gente reclamar dos juros e taxas abusivas -, já são 86 milhões de "plásticos" em circulação no país. Nos últimos anos, o crescimento médio deste mercado foi de 20%.

Apesar disso, o mercado tem muito a crescer: somente 41% das pessoas entre 18 e 59 anos têm cartão de crédito no Brasil, além de o uso do "dinheiro de plástico" estar ainda bastante concentrado na Região Sudeste. Esse crescimento, porém, veio aliado a problemas do consumidor: hoje, os cartões de crédito são os campeões de reclamação do setor financeiro no Procon e um quarto dos usuários acumularam dívidas ao usar o meio de pagamento.

Segundo o diretor de marketing de cartões do banco Itaú, Fernando Chacon, o medo de perder o controle é citado pelas pessoas de baixa renda como o principal motivo para não ter cartão. Ele não revela dados sobre inadimplência, mas diz que os números não preocupam e que o banco procura oferecer prazos e juros adequados para que os consumidores possam rolar suas dívidas sem ter de abandonar o uso do cartão.

O administrador Erison Alvarenga afirmou ao G1 que teve problemas com dívidas e suspendeu o uso do cartão de crédito até conseguir liquidar o débito. Depois disso, adotou o cartão para pagar todas as despesas e fazer todos os pagamentos de uma só vez, em dia. "Assim você sabe quanto gastou no final do mês", diz Alvarenga.

Uso restrito

Chacon afirma, porém, que o uso do limite de crédito ainda é baixo em relação ao valor oferecido pelos bancos. Hoje as pessoas usam, em média, cerca de 25% do seu limite. Além disso, grande parte dos parcelamentos de compras é feito sem juros, pelas próprias lojas. "O brasileiro está cada vez mais aprendendo a usar o cartão como uma ferramenta de crédito", diz Chacon.

Apesar disso, há pessoas que evitam o uso do cartão de crédito. O músico Jandir Pilatti Júnior, por exemplo, decidiu abandonar o cartão, por causa das taxas cobradas pelas operadoras e bancos. Ele diz que prefere usar o cartão de débito nas compras à vista e crediário nos negócios a prazo.

Mas essa posição não é unanimidade dentro da família do músico. "Minha mulher tem cartão de loja e de crédito. E usa bastante. Deve ser por isso que eu não uso, assim ajudo ela a se controlar", diz.

Pilatti diz que orienta a esposa a negociar com a administradora para conseguir isenção de anuidade e a pagar as despesas sempre em dia, uma vez que o juro do cartão de crédito chega facilmente a 10% ao mês. "Ela paga sempre na data que vence, senão eu brigo", diz o músico. Procon

Os cartões de crédito lideram hoje o ranking de reclamações dentro da área de assuntos financeiros em São Paulo. O principal problema é de cobranças não reconhecidas pelo consumidor que, muitas vezes, é vítima de clonagem ou falsificações.

Nesses casos, segundo o Procon-SP, as administrados são obrigadas a ressarcir o consumidor, a não ser que consigam comprovar que a compra foi realmente feita pelo cliente. A técnica do Procon-SP Renata Reis diz que nem sempre é isso que acontece e que muitas pessoas enfrentam dificuldade para receber o dinheiro de volta.

Outro problema comum é a cobrança de encargos que não são informados ao consumidor. Existem administradoras que cobram tarifas de emissão de fatura, taxas de parcelamento de compras e até seguros não solicitados, por exemplo.

Ela diz que os problemas se estendem por todas as operadoras, sem exceções. Essas empresas insistem, entre outras coisas, em manter o procedimento de enviar cartões não solicitados para a casa dos consumidores, o que é ilegal.

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