
Estratégia americana
O plano para fortalecer o posicionamento dos Estados Unidos no mercado internacional de commodities agrícolas no longo prazo segue algumas diretrizes, segundo o secretário de Agricultura do país, Tom Vilsack. Veja as principais delas:
Pesquisa e tecnologia
Lançamento de variedades de sementes mais produtivas e resistentes a pragas e doenças ou tolerantes a condições climáticas adversas.
EUA querem aumentar continuamente a produtividade de suas lavouras.
Proteção de mercados
O fortalecimento de mercados consolidados, tanto dentro como fora do país, é visto pelo USDA (United States Department of Agriculture, o ministério da Agricultura dos EUA) como ponto estratégico para o crescimento das exportações do agronegócio.
Expansão interna
Programas como o "Conheça a sua comida, conheça o seu produtor" são apostas do USDA para ampliar o comércio local de produtos agropecuários no país.
Aposta na China
Além de manter os mercados já conquistados, outro objetivo é expandir o comércio com outros países. Conquistar uma fatia ainda maior do mercado chinês e um espaço definitivo no mercado africano faz parte do plano.
Dependência energética
Incentivar a produção de combustíveis limpos e renováveis, como o etanol de milho e o biodiesel de soja. Os EUA querem diminuir as importações de petróleo e aumentar o superávit da balança comercial do agronegócio.
Sustentabilidade
A produção de alimentos sustentáveis é uma das principais bandeiras defendidas pelo USDA, que quer usar o selo da sustentabilidade para colocar seus produtos em novos mercados e aumentar o valor agregado de seus produtos.
O pacote do governo norte-americano para incentivar as exportações do agronegócio será conhecido nas próximas semanas. O subsecretário de Agricultura do país, James Miller, disse ontem durante o Agriculture Outlook Forum 2010, em Arlington, na Virgínia, nos arredores de Washington, que com o apoio do USDA, o Departamento de Agricultura do país, a Casa Branca prepara "uma série de medidas". "Por enquanto isso é tudo que eu posso adiantar", afirmou.As ações fazem parte da Iniciativa Nacional de Exportação, plano anunciado no final de janeiro pelo presidente Barack Obama para auxiliar agricultores e pequenos comerciantes a aumentarem suas vendas externas. A meta do governo norte-americano é dobrar as exportações do país em um prazo de cinco anos. "O USDA está trabalhando ininterruptamente na elaboração do programa. Para dobrar as exportações, é preciso conhecer o mercado", afirmou Miller.
Ambicioso, o desafio é visto com ressalvas mesmo entre os técnicos do USDA. Para o economista-chefe do Departamento, Joseph Glauber, as vendas externas do agronegócio norte-americano voltarão a crescer significativamente a partir deste ano, mas será difícil dobrar o volume exportado em um prazo tão curto. "A demanda chinesa vem crescendo substancialmente nos últimos dez anos, o que é bom não só para os EUA, mas também para a América do Sul. Será um grande mercado para todos nós. Mas acho difícil que consigamos dobrar nossas exportações. Até porque Brasil e Argentina devem ganhar market share neste ano com a colheita de safras recordes", declarou Glauber em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.
De fato, dobrar o comércio exterior em apenas cinco anos não é uma tarefa fácil. Mas também não parece impossível. A única vez que isso quase aconteceu foi em 2008, lembra Miller. Nos cinco anos que antecederam a crise deflagrada pelo mercado imobiliário, que contagiou a economia mundial em 2009, os embarques norte-americanos do setor cresceram quase 90%. Saltaram de US$ 61,43 bilhões em 2004 para US$ 115,28 bilhões em 2008. No ano passado, caíram a US$ 98,61 bilhões, refletindo a retração econômica.
Para 2010, já considerando as medidas de apoio e estímulo às exportações, o governo trabalha com uma projeção de US$ 100 bilhões. Para alcançar essa meta e continuar ampliando os embarques do agronegócio nos anos seguintes, o USDA não pretende poupar esforços. Acordos bilaterais para derrubar barreiras alfandegárias e aumento dos subsídios à produção, transformação e exportações para aumentar a competitividade dos produtos norte-americanos no mercado internacional estão entre as medidas estudadas pelo governo.
A renovação do incentivo de US$ 1 por galão (3,8 litros) pago pelo governo à indústria do biodiesel, por exemplo, já é tida como certa nos EUA. O benefício expirou em 31 de dezembro e a produção de biodiesel do país foi praticamente interrompida desde então. Outra grande expectativa é com relação à política de subsídios. No ano passado, o presidente Barack Obama chegou a sugerir um corte nos benefícios concedidos aos agricultores, mas foi barrado no Congresso.
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