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Casino, do Pão de Açúcar, teria recebido e recusado proposta de fusão do Carrefour, que desmente história | ERIC PIERMONT/AFP
Casino, do Pão de Açúcar, teria recebido e recusado proposta de fusão do Carrefour, que desmente história| Foto: ERIC PIERMONT/AFP

A semana começou com uma confusão envolvendo dois gigantes do varejo. O grupo francês Casino, proprietário do Pão de Açúcar, publicou um comunicado por sua matriz informando que nos últimos dias foram procurados pelo também francês Carrefour com a proposta de uma possível fusão. Do outro lado, o Carrefour desmente o fato em comunicado ao mercado.

De acordo com o Casino, o conselho administrativo do grupo se reuniu neste domingo (23) e por unanimidade rejeitou a suposta proposta. No informe, o grupo também ressalta que a abordagem do Carrefour ocorre em um momento em que o Casino passa por um ataque especulativo do mercado financeiro sem precedentes, afim de diminuir o valor de mercado da empresa.

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Entre janeiro e julho de 2018, as ações do grupo caíram quase 40%, baixa justificada pela preocupação com seu endividamento e por problemas na geração de caixa livre na França, em 2017. Em junho, o grupo anunciou a pretensão de vender $1,5 bilhão de euros em ativos, o que inclui a venda da Via Varejo, administradora de Casas Bahia e Ponto Frio. O movimento tem como objetivo reduzir a dívida da companhia, que fechou o primeiro semestre em $ 5,4 bilhões de euros.

Segundo o Casino, ao deliberar sobre a possível proposta seu conselho considerou as barreiras para a consolidação dos negócios na França e no Brasil, uma vez que as duas empresas disputam a lideraça de mercado nos dois países, e uma fusão poderia impactar em termos de competitividade e de empregos.

Em resposta, o Carrefour nega ter feito qualquer solicitação ao Casino e diz-se surpreso que seu conselho de administração tenha analisado uma proposta de fusão que não existe. Além disso, o grupo afirma que “as dificuldades enfrentadas pelo Casino e por seu acionista controlador não justificam a divulgação de comunicados inoportunos, enganosos e sem fundamento”.

O grupo diz, ainda, que está avaliado opções jurídicas para impedir “tais insinuações inaceitáveis”. O comunicado é assinado por Sébastien Durchon, Diretor Vice-Presidente de Finanças e de Relações com Investidores do Grupo Carrefour.

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Apesar da negativa, o jornal Valor Econômico apurou que teria, de fato, acontecido um encontro e troca de mensagens entre os dois grupos. De acordo com o jornal, fontes a par do assunto contam que Alain Minc, empresário francês próximo de Alexandre Bompard, presidente mundial do Carrefour, telefonou para o controlador do Casino, Jean-Charles Naouri, propondo um encontre entre Bompard e Naouri, sem especificar o assunto.

O encontro teria acontecido no último dia 12 de setembro, no escritório de Minc em Paris e, durante a conversa, o presidente do Carrefour teria apresentado a proposta de fusão dos negócios, mas sem detalhar as condições. Um conselho com assessores jurídicos seria criado para assessorar a transação, caso as conversas prosseguissem, segundo o Valor.

Na última sexta-feira (21), Bompard teria enviado um plano de trabalho a Naouri, detalhando uma agenda de discussões de pautas como a definição de ganhos de sinergia com uma fusão. A questão seria avaliada pelo executivo do Casino mediante assinatura de um acordo de confidencialidade, desde que não houvesse uma oferta hostil. Horas depois, ainda na sexta-feira, o Carrefour teria avisado Naouri que era contra tais determinações.

Foi então que o Casino convocou uma reunião de seu conselho administrativo, de onde saiu o comunicado em que recusa a suposta proposta do Carrefour.

Ainda segundo o jornal, Abílio Diniz, um dos maiores acionistas do Carrefour e dono de uma cadeira no conselho administrativo do grupo, seria um dos apoiadores do projeto de combinação das duas empresas.

Casino e Carrefour: uma história de flerte antiga

Apesar do diz-que-me-diz, os rumores sobre negociações entre os grupos Carrefour e Casino não são novidade. No início deste ano, o Carrefour já teria sondado o Casino para a fusão das companhias, e não teria sido bem recebido. Na época, a informação era de que Abílio Diniz estaria por trás do projeto, junto com Bompard.

Diniz, que é filho do fundador do seu agora concorrente Pão de Açúcar, já havia tentado unir os dois grupos em 2011, quando era presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Em 2012, o controle do GPA passou para o Casino; em 2013, Abílio Diniz deixou o conselho da companhia, em seguida vendeu suas ações e cortou de vez os laços com o Pão de Açúcar. A tentativa de fusão, inclusive, é apontada como uma das rusgas que levaram à saída de Diniz do GPA.

Com o bolso cheio, Diniz então passou a comprar pequenas fatias da operação global do Carrefour, até se tornar, atualmente, um de seus maiores acionista. O direito de voto de 11,93% veio com uma ajudinha de suas controladas. Diniz possui 7,76% do capital da companhia, mas o aumento da participação se deu por meio de investimentos da Stanhole International Trading (empresa da família Diniz, com sede em Portugal), do próprio executivo e de uma executiva da Península Participações, holding que também é da família Diniz e também possui uma cadeira no conselho de administração do Carrefour desde 2017.

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