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Com pouca chuva, consultorias veem maior risco para o sistema elétrico. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Com pouca chuva, consultorias veem maior risco para o sistema elétrico.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

As previsões para a situação dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste do país em janeiro pioraram e as condições do período úmido atual têm se mostrado mais desfavoráveis do que no ano passado, frustrando expectativas iniciais de meteorologistas e do setor elétrico.

Diante de tal cenário, em que as chuvas realizadas têm se mostrado bem mais escassas do que o esperado, uma possível necessidade de racionamento do consumo de eletricidade volta a rondar o planejamento de consultorias e comercializadoras de energia do país.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu para 44% da média histórica a estimativa de chuvas esperadas para reservatórios do Sudeste em janeiro, segundo três fontes que acompanham as previsões do setor elétrico. Comercializadoras de energia recebem previsões antes de os números serem publicados pelo ONS em seu site, geralmente no período da tarde das sexta-feiras.

A estimativa da semana passada era de que as chuvas na região seriam equivalentes a 56% da média, próximo do que ocorreu em janeiro do ano passado, quando as chuvas foram equivalentes a cerca de 54% da média histórica. As previsões atualizadas representam uma grande redução ante a estimativa de afluências equivalentes a 90% da média feita pelo ONS no final de dezembro.

"Tem um sistema de alta pressão que não deixa chuvas saírem do Sul para o restante do Brasil, que atuou no ano passado e não estava previsto para esse ano", disse o gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos.

O meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, disse que esse sistema deve começar a enfraquecer na semana que vem e há expectativa de retorno das chuvas nos últimos 10 dias de janeiro. "Mas isso não vai compensar essas duas primeiras semanas de janeiro e a última semana de dezembro que tiveram pouquíssima chuva", disse ele.

Apesar de as previsões de chuva poderem mudar rapidamente, Nascimento lembra que as previsões têm se mostrado melhores que a realidade nos últimos tempos. "Olhando as condições atuais, tanto de reservatórios como do clima, acho que não tem chuva para reverter a situação de forma tão satisfatória para dizer que a situação estará tranquila em abril", disse.

O ONS estima ainda que as afluências em janeiro devem ser equivalentes a 63% da média no Norte, 27% da média no Nordeste e 222% da média no Sul.

Abril

As previsões de agentes do setor elétrico apontam que o nível dos reservatórios das hidrelétricas no Sudeste deve chegar a no máximo 30% de armazenamento ao fim do período úmido, em abril, em condições piores do que no ano passado, quando ficou em 38,77%.

"Se a chuva vier na média, a estimativa do ONS é que no final do período úmido estivesse com 35% nos reservatórios do Sudeste e daria pra passar o ano todo. Mas é difícil chegar a 35% no cenário atual", disse o consultor da Enecel Energia, Lucilio Lelis.

Ele acrescentou que, além disso, o consumo de carga de energia no sistema elétrico já começou a atingir recordes na demanda instantânea máxima diante das altas temperaturas registradas, conforme aconteceu na terça-feira nos subssistemas Nordeste e Sudeste/Centro Oeste. "A situação está muito crítica mesmo. Deveria haver uma medida mais enérgica para reduzir a carga", disse.

O diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego, avalia que o cenário causa preocupação quanto ao abastecimento neste ano. "Janeiro, fevereiro e março são os três meses que têm que salvar o ano", disse. Segundo ele, nas projeções da consultoria feitas no fim de dezembro precisaria chover 80% da média histórica no período úmido no Sudeste para evitar a necessidade de um racionamento de enegia.

Cuberos, da Safira Energia, disse que na última projeção de cenário da consultoria, considerando até a segunda semana de janeiro, a expectativa é de que o nível dos reservatórios das hidrelétricas no Sudeste chegasse a entre 30 e 35% em abril e a 10 por cento em novembro.

"Com esse cenário agora, vamos ter que dar uma revisada nas previsões. A gente começa, sim, a vislumbrar alguma possibilidade de complicar o abastecimento. A situação está se agravando a cada semana", disse.

Alexandre Nascimento, da Climatempo, vê o nível das represas de hidrelétricas no Sudeste em no máximo 30% ao final do período úmido.

Para o reservatórios do Cantareira, que abastace a Grande São Paulo com água, as previsões também pioraram. "No cenário mais otimista possível, chegaríamos em 20% (em abril)", disse. No início de janeiro, Nascimento disse que na melhor das hipóteses o reservatório recuperaria o volume morto, chegando a 28% de armazenamento.

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